A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), ligada ao Ministério da Saúde, deixou um estoque de insumos vencer, segundo informações publicadas na última terça-feira (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo. Entre os produtos que passaram da validade e terão de ser inutilizados estão milhares de kits para testagem da Covid-19, medicamentos e vacinas para outras doenças.

A SVS já havia sido notificada duas vezes sobre o risco de desperdício dos produtos, que estavam no Centro de Distribuição que o Ministério da Saúde possui em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Foram perdidos mais de 18 mil kits de diagnóstico, 44 mil vacinas contra a meningite, 16 mil vacinas contra a gripe, entre outros, com validade entre o início de julho e o fim de agosto, totalizando um prejuízo de R$ 80,4 milhões aos cofres públicos.

Só os kits para diagnóstico da Covid-19 custaram R$ 77 milhões aos cofres públicos. Além destes, foram perdidos kits de testagem para dengue, zyka e chikungunya.

Um ofício redigido por Katiane Rodrigues Torres, coordenadora-geral substituta de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde, datado de 22 de setembro, aponta que o vencimento dos insumos foi comunicado previamente, mas que não houve distribuição devido à ausência de resposta em tempo hábil das áreas que seriam responsáveis.

O referido documento foi encaminhado ao general Ridauto Lúcio Fernandes, diretor de Logística do Ministério da Saúde, que o repassou à SVS, solicitando uma justificativa para o ocorrido. O diretor relata, no pedido, uma reunião com Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde, realizada em 13 de setembro, na qual o vencimento dos produtos foi pautado.

Reincidência

No início de setembro, a Folha de S.Paulo denunciou a perda de 3,7 milhões de itens que haviam começado a vencer há mais de três anos, incluindo canetas de insulina e diversos outros medicamentos que deveriam ter sido distribuídos a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa do valor do prejuízo foi superior a R$ 240 milhões.

Entre esses insumos, que tiveram como destino a incineração, estão ainda vacinas contra a gripe, BCG, tetraviral (contra sarampo, varicela, rubéola e caxumba), pentavalente (que previne coqueluche, tétano, difteria, hepatite B e infecção pela bactéria haemophilus influenza tipo B), além de soros e diluentes.

Alguns deles estão em falta nos postos de saúde.

Na ocasião, o diretor de Logística declarou que, apesar de indesejado, o desperdício é algo que acontece em qualquer área de atividades, citando o descarte de material diário em supermercados.

Em agosto, o Governo da Bahia publicou, em sua página oficial, que havia um atraso, pelo Ministério da Saúde, na entrega de 22 medicamentos que estariam com estoque zerado ou para acabar.

Segundo o superintendente de assistência farmacêutica da Secretaria de Saúde do Estado, Luiz Henrique D'ultra, esse atraso em repassar os medicamentos é algo que está ocorrendo há dois anos e meio. Tratam-se de remédios voltados para tratamento de pessoas submetidas a transplante, bem como de pacientes com câncer, leucemia e HIV.