O mês que abre a primavera também é peculiar por incluir nos seus dias alguns lembretes a respeito de doação de órgãos e tecidos.
Hoje, 19/09, é a data para se lembrar da doação de medula óssea, cujos principais objetivos são a conscientização do público sobre o ato de doar e buscar o aumento do cadastro de interessados no Redome (Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea).
Apesar de quase 136.750 pessoas incluídas no cadastro, houve uma queda pela procura em ser doador no Redome. Ainda assim, o Brasil é o terceiro país no mundo a ter o maior número de doadores.
São 5,2 milhões registrados no banco de dados e na nossa frente estão os Estados Unidos e a Alemanha.
Muitos não sabem o quanto uma doação de medula óssea pode fazer a diferença em pacientes (muito) necessitados. Os médicos salientam que esse gesto pode ajudar no tratamento e cura de aproximadamente 80 doenças em diferentes fases e idades.
Cor laranja
Antecipando sua disposição acerca de conscientizar as pessoas, o Congresso Nacional alterou sua iluminação para a cor laranja ontem, 18/09. As estatísticas apontam uma diminuição de 30% de 2019 para 2020 na procura pela inclusão de dados. Com isso, o Ministério da Saúde quer reverter essa tendência, já que quantos mais pessoas estiverem cadastradas, mais chances de compatibilidade com o paciente e acelerar/otimizar a cadeia de procedimentos.
Encontrar um doador compatível não é uma tarefa fácil, pois a probabilidade de sucesso é de 1 para cada 100 milj pessoas, o que demonstra, mais uma vez, a importância do registro e da doação.
“O ato de doação de medula óssea deve ser estimulado por campanhas e políticas públicas, pois em muitas situações a única chance de cura do paciente é receber medula óssea compatível.
Nenhum de nós deseja, mas qualquer um pode passar por tal situação, e certamente ter uma chance de cura tão singular e consequente ato de amor ao próximo precisa ser estimulada em nossa sociedade”, diz a médica Ana Paula Whebhert.
Como aderir
Quem quiser e estiver disposto a doar medula óssea precisa ter idade entre 18 e 35 anos, apresentar bom estado de saúde, não ter câncer ou doença do sistema imunológico e não ser portador de doença infecciosa transmissível por sangue.
O cadastro do interessado fica ativo até os 60 anos de idade.
O próximo passo é assinar um termo de consentimento e preencher um formulário onde se requerem dados pessoais do doador. Após, faz-se uma coleta de sangue do candidato a fim de identificar as suas características genéticas e saber se há alguma compatibilidade com os pacientes. Só depois disso é que tanto o resultado do exame de sangue quanto os dados do doador são incluídos no Redome.
Em caso afirmativo de um paciente encontrar afinidade com as características do doador, este último será contactado se consente ou não sua doação. Ainda assim, o voluntário passará por novos exames com o propósito de atestar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde.
Mudança nas regras
Até julho de 2021, quem tinha idade superior a 35 anos poderia se candidatar ao Redome. Mas, o Ministério da Saúde resolveu, por meio de portaria, baixar o limite etário de 55 para 35 anos. A intenção é assegurar melhores resultados para o transplantado. Na opinião dos médicos, a medida é salutar porque quanto mais jovem for o doador, melhores serão as chances de êxito da operação.
De acordo com a hematologista Adriana Seber, uma criança de 10 anos que recebe a medula de alguém com 40 anos, a medula implantada produzirá os componentes sanguíneos como os do doador, isto é, do corpo de uma pessoa com 40 anos de idade.
Ela destaca também que os principais obstáculos para os pacientes estão na vacância de leitos hospitalares (comprometidos por causa da pandemia) e no acesso à medicação pós-cirurgia.
A importância da medula óssea não está somente na colaboração da doação. É além disso, porque auxilia no tratamento de diversas doenças como a leucemia, tumores, linfomas e anemia aplástica.
As funções da medula óssea no corpo são fundamentais na produção e manutenção do nível de glóbulos vermelhos e brancos e das plaquetas, evitando a queda de defesa perante hemorragias e infecções.
Mês do corpo humano
Setembro tem o dia que lembra da medula óssea e também o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas aguardam uma oportunidade pela operação de transplante. Aqui se realizam as cirurgias de rim, fígado, coração, medula óssea, pâncreas, córnea e pulmão. Para muitos, é a única tábua de salvação e luta pela vida.
É o caso do professor Carlos Rezende que, em 2015, obteve o diagnóstico de aplasia medular severa. Recuperado, decidiu fazer um percurso alternado de bicicleta e corrida entre Campo Grande (MS), sua cidade natal, e o município paulista de Jaú. São 800 quilômetros acompanhados por sua namorada e, no final da jornada, pelo doador, residente em Curitiba. A previsão de concluir o esforço físico é hoje, 19/09.
“Ao longo do caminho, conversamos com prefeitos e lideranças das cidades para alertar sobre a importância da doação solidária de medula óssea, órgãos e sangue. O projeto é para chamar a atenção da população para essa causa.”, finalizou o professor.