O cadáver do monge budista Dashi-Dorzho Itigilov desperta curiosidade entre cientistas e religiosos. Morto em 1927, seu corpo foi exumado pela última vez em 2002 e, 75 anos depois, para a surpresa de adeptos e cientistas, seu cadáver tinha a aparência de uma pessoa falecida recentemente.

Dashi-Dorzho Itigilov nasceu em 1852. Sua vida religiosa teve início quando tinha 16 anos. Ele estudou no mosteiro localizado em uma região antes dominada pelo império russo. No mosteiro, o budista se formou em filosofia e em medicina.

Itigilov conseguiu notoriedade na Rússia.

Tornou-se líder dos budistas buriates em 1911. Há informações de que ele chegou a auxiliar os russos durante a Primeira Guerra Mundial e teria contribuído com dinheiro e alimentos para o país. Chegou a auxiliar no tratamento de feridos durante a guerra e escrever um livro sobre farmacologia.

Em que acreditam os budistas

Antes de morrer, o monge budista, pressentindo que sua vida estava prestes a terminar, pediu aos seus companheiros de Religião que meditassem por ele. Suas orientações significavam que ele deveria ser enterrado enquanto morria, durante a meditação. Os monges deveriam colocá-lo em uma caixa de pinheiro e exumado seu corpo tempos depois.

Itigilov era um budista bastante considerado na Rússia, tendo fundado o templo budista de São Petesburgo.

Inicialmente, os monges recusaram o pedido de seu líder. Itigilov tomou a iniciativa de meditar sozinho. Ele adotou a postura de lótus, sentado de pernas cruzadas.

Sem conseguir mudar a vontade do mestre, os outros monges o acompanharam na meditação. Mas teriam que seguir umas instruções em relação a Itigilov. Após constatar sua morte, os monges o enterraram na mesma posição em que morreu, meditando na postura de lótus.

Ao longo do tempo, os monges cultuavam o cadáver de seu líder. Eles chegaram a exumar seu corpo por duas ocasiões anteriores, em 1955 e 1974. Itigilov foi cultuado de forma discreta pelos monges. A religião budista, entre outras, sofria restrições do governo russo.

A última exumação do cadáver do monge budista se deu em 2002.

Com mais liberdade para os princípios budistas em território russo, a história ganhou publicidade. Para os budistas, Itigilov alcançou o Nirvana. Em 2003, o corpo do monge em meditação passou a ser considerado um tesouro da Rússia e foi transferido para o templo budista de Ivolginsky Datsan.

Mas o mistério continua. Não se sabe o que mantém o corpo do monge em perfeito estado, apesar do longo tempo após sua morte. Desconsiderando os princípios do budismo, a posição oficial dos cientistas é a de que o estado do corpo do monge equivale a de um cadáver morto 36 horas antes. E seu estado de conservação pode ter sido obtido pela aplicação de sal por parte dos monges budistas durante todo o tempo.