Turismo também é cultura e isso se estende a Literatura. Quando se pensa em literatura infanto-juvenil, é praticamente impossível não lembrar do livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint Exupéry, publicado a primeira vez em 1943. Popularizou frases como “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” e “O essencial é invisível aos olhos”.

No entanto, o escritor era também piloto e teve diversas passagens pela África, Atlântico Sul e América do Sul, inclusive pela Bahia. Aqui, conheceu a baiana Onila, que com ele viveu uma linda história.

Vida e Obra de Saint Exupéry

Antoine Jean-Baptiste Marie Roger Foscolombe, o conde de Saint-Exupéry, nasceu em Lyon, na França, em 29 de junho de 1900. Proveniente de uma família aristocrática francesa, tornou-se um célebre ilustrador e escritor, além de um audacioso piloto, que se comprazia em escrever sobre as aventuras que experimentava.

Ingressou no serviço militar em 1921, no Regimento de Aviação de Estrasburgo, tornando-se mais tarde, piloto civil e subtenente da reserva.

Iniciou sua carreira como piloto de linha em 1926, na Aéropostale, voando entre Casablanca, Dacar e Toulouse, quando publicou “O Aviador”, sua primeira obra.

Exupéry foi pioneiro nos voos Paris - Saigon e Nova Iorque - Terra do Fogo. Na África, Atlântico Sul e América do Sul, auxiliou na implantação de rotas de correio aéreo. A este tempo, em 1929, publicou mais uma obra, intitulada como “Correio do Sul”.

Trabalhou também como repórter do Paris- Soir e como piloto de provas, na década de 1930. Publicou, em 1931, “Voo noturno”, onde chegou a citar suas experiências pela cidade de Florianópolis, no Brasil, e em 1939, publicou “Terra dos Homens”, mais um registro de suas aventuras.

A década de 1940 foi um período delicado para o mundo, especialmente para a Europa, com o início da Segunda Guerra Mundial.

A França é ocupada pelos Nazistas, obrigando Exupéry a fugir para os Estados Unidos, onde, em 1943, escreveu o livro “Carta a Um Refém”. Nesse mesmo ano, o autor publicou “O Pequeno Príncipe”, após sofrer uma pane no avião e cair no deserto.

Pouco depois, em 1944, enquanto sobrevoava o Atlântico numa missão de reconhecimento, Exupérry desapareceu, tal como seu Principezinho.

Exupéry na Bahia

Existem diversos registros que atestam a passagem e estadia de Exupérry por diversas cidades brasileiras. A Aéropostale, companhia aérea para qual o piloto francês trabalhava - hoje, atual Air France - foi a pioneira na distribuição de correspondências por avião entre a Europa e a América do Sul.

Eram vinte e oito cidades-escalas, situadas na África, Atlântico Sul e América do Sul, sendo onze destas, no Brasil, a exemplo de Porto Alegre e Pelotas, no Rio Grande do Sul e Campeche, em Florianópolis (SC), onde ficou conhecido carinhosamente como “Zé Perri”, devido a dificuldade dos moradores em pronunciar corretamente seu nome.

No entanto, o que poucos sabem é que o piloto também passou pela Bahia, na Penísula de Maraú. Relatos orais atestam pousos e estadia de Antoine de Saint-Exupéry, na pista de pouso de Campinhos, em Barra Grande.

De acordo com esses relatos, lá, conheceu uma baiana de nome Onila. Os únicos dados disponíveis sobre essa improvável história de amor são da entrevista realizada com Onila, pela jornalista Liliane Reis, no programa Na Carona.

A entrevista afirma que, durante a Segunda Guerra Mundial, os aviões que não conseguiam pousar em Salvador, eram desviados para pista de Campinhos. Relatos orais atestam que, ainda hoje, existe em Barra Grande, uma mesa feita por encomenda por Exupérry exclusivamente para escrever, com uma plaquinha com seu nome.

Nessa ocasião, Exupérry teria conhecido Onila e, durante sua estadia em Barra Grande, os dois viveram uma história de amor, que marcou profundamente a vida da baiana. Ela guarda com carinho um exemplar em francês do livro “O Pequeno Príncipe”, autografado por uma prima do famoso piloto e escritor, que esteve em Campinhos, em busca de suas memórias.

Embora diversos moradores confirmem os relatos de Dona Onila, não há documentação que ateste a história, enterrada com Exupérry em 1944.