Sabe aquela imagem divertida de astronautas dando cambalhota ou pegando a comida que flutua devagar e livremente com um garfo? Sonho de profissão para muitos, apreciar o planeta Terra de um ângulo privilegiado e não ter chefe ao lado para aborrecer são bons argumentos para investir na carreira.

Porém, também possui algumas responsabilidades; afinal, não se está lá em cima por lazer ou por reviver momentos de infância quando a gravidade não é sentida.

Mesmo sem a configuração de uma varanda, de um telhado e de portas e janelas convencionais, as Estações Espaciais são a casa provisória de astronautas conduzidos a missões ou pesquisas. Nesse intervalo, imprevistos acontecem e, então, são necessárias algumas ações.

Reparo desajeitado

Duas astronautas americanas, Jasmim Moghbeli e Loral O'Hara, estavam na parte externa da Estação Espacial Internacional. O objetivo era fazer alguns ajustes e reparos. Para isso, levaram uma bolsa/maleta de ferramentas.

Em dado instante, a maleta deu uma fugida e começou a se distanciar da Estação Espacial. Isso mesmo, agora ela voa devagarzinho pelo céu amplo.

O noticiário não fornece detalhes sobre esse episódio: se foi um descuido, uma distração ou um procedimento previsto não seguido.

No entanto, a Nasa acalma os terráqueos ao comunicar que a bolsa de ferramentas não é essencial para outras tarefas e objetivos do cotidiano da tripulação.

E agora?

Esse objeto está vagando pela órbita terrestre e para os aficionados ou que gostam de fuçar a atmosfera na busca de algo diferente, podem se deleitar sem dificuldades.

A maleta é brilhante, o que facilita sua visualização daqui do solo da Terra. O recomendável é que se veja o material com binóculos ou pequenos telescópios.

Mas é preciso que o espectador fique longe de áreas densamente iluminadas, como os grandes centros urbanos.

Buscar lugares sem a interferência de luzes artificiais é o mais indicado.

Ela flutua cerca de um minuto à frente da Estação Espacial Internacional; portanto, não está tão longe da base e ambas fazem a mesma trajetória. Ainda assim, seria inócuo e arriscado enviar algum astronauta para reaver o kit de ferramentas.

Direto na cabeça

É bom esclarecer que, ao contrário do que muitas mentes imaginativas acham, a bolsa não representa perigo às cabeças dos seres comuns. Ou melhor: mesmo que ela caia em algum lugar que não sejam os mares e os oceanos, pode-se ficar totalmente tranquilo.

O motivo disso é que o objeto permaneça flutuando por alguns meses na órbita da Terra até começar a descer ou ser incorporado na atmosfera.

Em queda livre diante de tanta altitude, a maleta, quando entrar em contato com os gases atmosféricos, sofrerá processo de queima. Virará pó ou algo parecido. Não precisa comprar capacete ou qualquer coisa semelhante.

Repetição

Incidentes no espaço não são novos e aconteceram algumas vezes. Um dos primeiros foi em 1965, quando o caminhante espacial Ed White perdeu sua luva durante a missão Gemini 4.

Outro foi mais recente e trabalhoso: ocorreu em 2017, quando as astronautas Peggy Whitson e Shane Kimbrough perderam outra bolsa. Dessa vez, não eram ferramentas; era um escudo usado para se proteger de lixo espacial. Para fechar o buraco deixado, toda a tripulação se uniu para arranjar materiais que substituíssem a função do escudo perdido.

Deu certo.

Mas, certamente a história mais curiosa e bizarra aconteceu com dois cosmonautas russos no mês de maio desse ano. Eles caminhavam em volta da Estação Espacial Internacional, quando Sergey Prokopyev atirou um pacote de 5,5 kg com restos de equipamentos. Em seguida, fez o comentário de que o pacote voava “lindamente”.

Não demorou muito para o cosmonauta ser alvo de críticas. A fim de evitar a proporção do episódio, a própria Estação Espacial se adiantou e disse que o objeto acabaria incinerado quando entrasse em contato com a atmosfera da Terra.

Um lembrete final: a Nasa estima que a maleta “perdida” deva penetrar a atmosfera em meados de abril de 2024.