As solicitações do auxílio emergencial de R$ 600 devido às consequências do coronavírus foram superiores às previsões do Governo federal, mas, apesar desse fato, não faltará dinheiro para cumprir a iniciativa. A revelação foi feita por Marcelo Guaranys, secretário-executivo do Ministério da Economia, em entrevista ao portal UOL. Ele tranquilizou as pessoas que dependem desse dinheiro afirmando que o governo irá buscar no orçamento público, recursos suplementares para que todos os que solicitaram e foram aprovados, sejam contemplados. Portanto, o auxílio emergencial vai ser pago sim, o calendário será cumprido, de acordo com as determinações do presidente da república, reafirmou o secretário-executivo.

Governo desconhece número exato de beneficiários

A estimativa do número total de beneficiários é uma previsão difícil de ser calculada, continuou Guaranys. O motivo é que neste grupo fazem parte cidadãos sem vínculo formal de trabalho, muitos não pagam impostos, nem mesmo são beneficiários de outros programas sociais e até não possuem registro de CPF.

Os cálculos iniciais do governo apontavam em 54 milhões o número de pessoas a serem contempladas com a medida. A prática, porém, mostrou que as solicitações foram muito maiores do que o previsto. O problema agora é conseguir recursos em um orçamento fechado. Guaranys admitiu que não conseguirá assumir a responsabilidade de pagamentos com o que está disponível hoje em sua pasta e, portanto, ele precisa de mais dinheiro, desabafou.

Não existe no momento dentro do Ministério da Cidadania - que tem sob sua responsabilidade o auxílio emergencial - um cálculo plausível sobre o número exato de pessoas que serão deverão ser contempladas. Entretanto, em busca um espaço no orçamento, uma medida provisória está em preparação e deverá valer ainda nesta semana, na previsão do secretário-executivo, para que o dinheiro chegue a todos que estão solicitando.

Essa foi uma boa notícia. A má notícia é que o Ministério da Cidadania anunciou na quarta-feira (22) que não iria mais antecipar o pagamento da segunda parcela, conforme prometido anteriormente. Será necessário um crédito suplementar para isso.

Brasil entrou no cheque especial

Como analogia, Marcelo Guaranys alegou que o Brasil já usou tudo o que tinha até no que comparou como cheque especial, para bancar a iniciativa governamental de ajuda aos efeitos da pandemia do coronavírus.

E necessita agora de um esforço extra para manter a credibilidade do governo com a promessa amplamente divulgada.

Até agora já foram gastos no coronavoucher e em medidas paralelas, R$ 285 bilhões nas contas oficiais do governo. Esse valor é quase o triplo do chamado orçamento para despesas discricionárias (despesas obrigatórias gastas com folha de pagamento de servidores, benefícios sociais, etc) que existiam 2020.

Quem irá pagar a conta

O governo está preparado a gastar o que for preciso para fazer valer esse programa, ainda segundo Guaranys, e se busca uma fórmula de não aumentar impostos nem os juros no futuro para pagar tal conta. Entretanto, após a crise, alguém sim irá ter que pagar a conta.