O dito popular de que “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come” tem tudo a ver com a conjuntura complexa e difícil que o Brasil e, por conseguinte, os brasileiros enfrentam para sobreviver e adquirir condições dignas de vida. Um instante caracterizado por baixa oferta de empregos formais, aumento generalizado de preços, inflação corroendo o poder de compra do consumidor e cotação do dólar nas alturas, já que certos insumos e componentes são importados e, obviamente, cobrados na moeda do “Tio Sam”.

Sem muita alternativa, muitos brasileiros têm vencido o medo e a burocracia de abrir o próprio negócio.

De acordo com os dados revelados no Boletim do Mapa de Empresas do Ministério da Economia, o segundo quadrimestre de 2021 (compreendido entre os meses de maio e agosto) mostra que foram abertos 1,4 milhão de novas empresas.

Porém, para saber se realmente a economia começa a andar um pouquinho mais para a frente, o mapa faz uma comparação entre a diferença de criação e fechamento de empresas em igual período. A matemática atestou um saldo positivo de 936.229 empresas em funcionamento. Nas que fecharam, houve um registro de 484.553 pontos.

Uma tendência que não é nova

Mesmo que se interprete como otimista, o boletim divulgado em 30/9 chama a atenção de que essa criação já era algo observado nos anos anteriores.

Em comparação com o mesmo intervalo estudado de 2020, revelou-se um acréscimo de 26,5% nas aberturas.

Surpreende o fato de a Região Norte do Brasil conter a maior quantidade de abertura de novos Negócios. Quatro dos cinco estados que lideram o ranking pertencem geograficamente a essa área. Mais curioso é que o distante estado do Acre foi o campeão na criação de empresas.

Atrás dele, estão Amapá, Rondônia, Alagoas e Roraima. A população acriana empreendeu 41,7% a mais do que o mesmo quadrimestre do ano passado.

Onde tem mais peixe, joga-se a rede

Efetuando-se uma análise por setor econômico, os empreendedores elegeram, em primeiro lugar, o comércio varejista de vestuário e acessórios, com quase 83.000 novas empresas.

Depois vem, pela ordem, os seguintes ramos: promoção de vendas, cabeleireiros, manicure e pedicure e obras executadas em alvenaria.

Nas palavras do secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Caio Mário Paes de Andrade, a transformação digital é um dos pontos que contribui para o surgimento dos pequenos negócios.

A dispensa de alvarás para o funcionamento de atividades consideradas de baixo risco e a vigência da Lei nº 14.195, a qual trata de simplificar a abertura e fechamento de empresas, foram outros elementos para o impulso na criação de novos negócios.

Tempo é dinheiro

Bom indicador para quem quer abrir uma empresa, o tempo médio registrado no quadrimestre de 2021 foi de 2 dias e 16 horas.

Uma diminuição de 5 horas em relação ao mesmo período de 2020.

Goiás foi o recordista com 1 dia e 2 horas no trâmite do processo de abertura e Goiânia apresentou a maior rapidez dentro do estado, com 18 horas, em média. Atrás dos goianos, estão as cidades de Maceió, Curitiba, Brasília e Natal. Ressalte-se que todas estas capitais também conseguiram um tempo total inferior a dois dias.

O Secretário de Governo Digital, Luís Felipe Monteiro, reafirma que o compromisso firmado para 2022 é de trabalhar com a meta de um dia para o tempo médio de abertura de empresas no Brasil.

Baiano é mole?

Mesmo não figurando entre os primeiros da lista, o exemplo de Salvador é bem ilustrativo acerca de como se tornar empresário era uma tarefa desgastante e de testar os nervos.

A capital da Bahia demorava 31 dias para permitir o funcionamento da nova empresa. Hoje, realiza-se o mesmo procedimento em 2 dias e 19 horas. É um avanço importante. Isso se deve à junção de esforços entre o município e a Junta Comercial (pertencente à esfera estadual). Agora, os procedimentos foram simplificados e disponibilizados unicamente no portal da Junta, eliminando exigências a serem pesquisadas/apresentadas em outros endereços virtuais.