A União Europeia (UE) já começa a ensaiar uma reabertura de suas fronteiras após as inúmeras restrições iniciadas por causa da pandemia do coronavírus. Mas Brasil e Estados Unidos podem não se aproveitar de tal processo.

Segundo o jornal The New York Times, os dois países, mais a Rússia, aparecem num esboço de uma lista de países cujos viajantes devem ser barrados de suas fronteiras assim que as restrições de movimentação dentro do Velho Continente começarem a ser retiradas, a partir de 1° de julho.

Brasil e EUA 'indesejáveis'

A UE trabalha com duas listas, uma de países cujos viajantes seriam aceitáveis e outra de viajantes indesejáveis. Nesta, constam nos rascunhos conseguidos pelo jornal os nomes do Brasil, dos Estados Unidos e da Rússia.

No caso, os três países entram nesta lista por não conseguirem controlar bem suas respectivas epidemias de Covid-19. O fato de que os presidentes destas nações (Jair Bolsonaro, Donald Trump e Vladimir Putin, respectivamente) terem atuado inicialmente desdenhando do caráter sério da crise de terem tomados medidas que iam contra os consensos de entidades médicas podem ter pesado para que estes entrassem na lista de possíveis "barrados".

No caso brasileiro, as críticas de Bolsonaro quanto às quarentenas impostas por estados e municípios, a pressão deste para reabrir a economia em momento de ascensão do número de casos e mortes e a instabilidade em seu Ministério da Saúde, que viu dois de seus titulares deixarem a pasta por causa de divergências com o presidente, seriam razões para que o país entrasse na lista.

O número médio de infecções por grupo de 100 mil pessoas é a medida usada pela UE para apontar os países que devem ou não ter viajantes permitidos. A UE tem 16 infecções por cada 100 mil habitantes, com o Brasil estimado em 190/100.000. Número maior que os Estados Unidos (107/100.000) e Rússia (80/100.000)

Trump x UE

O caso dos EUA é um pouco diferente do Brasil.

Com mais de 2,3 milhões de casos e cerca de 120 mil mortes por coronavírus, os Estados Unidos já são considerados um dos maiores epicentros de disseminação da doença no mundo.

A decisão pode abrir uma "guerra" entre Donald Trump e os principais líderes europeus. "Guerra" esta que pode ter começado em março, quando os EUA decidiram proibir cidadãos de diversos países da UE de viajar para o território americano, acusando estes países de não estarem controlando de forma clara a epidemia.

O fato de que milhões de americanos vão à Europa todo ano para viagens turísticas e comerciais pode representar um baque financeiro e de reputação para o lado dos EUA, que não teria como ver turistas aproveitarem o fim das restrições no período do verão no hemisfério norte (entre junho e setembro).

Lista ainda não está fechada

O que existe por enquanto é apenas um esboço de lista de países que poderão ou não ter seus viajantes permitidos dentro dos países-membros da União Europeia. A lista terá que ser definida com todos os pontos em comum para que a reabertura prometida para julho aconteça sem maiores problemas.

A decisão sobre o destino do Brasil e de seus viajantes que pretendem ir para a Europa assim que as restrições territoriais acabarem deve sair antes do dia 1° de julho.