Depois do terceiro dia da publicação de um acórdão judicial, referente à proibição de interromper a gravidez por má-formação do feto, milhares de poloneses ocuparam os lugares públicos para protestar contra tal decisão.

País de maioria católica e berço de um papa, João Paulo 2°, a Polônia se agitou em várias cidades contra a restrição de aborto por suas cidadãs.

No sábado (24), completaram-se três dias consecutivo de protestos, marchas e manifestações dos que são favoráveis ao aborto no caso de bebês malformados. Além disso, já estão marcados novos atos para os próximos dias.

O alvoroço gerado pelo veto vem da justificativa de que tal matéria é contrária à Constituição da Polônia.

Segundo o jornal inglês The Guardian, a resolução do tribunal acarretou reações de grupos de direitos humanos dentro do país do leste europeu e também fora da própria Polônia. No meio das passeatas, podia-se ver o símbolo de um raio vermelho em faixas e cartazes. Este se tornou o símbolo das manifestações pró-aborto.

Aqui, ali e acolá

Os poloneses têm preferido ocupar praças e igrejas e nem a residência do líder de direita do país, Jaroslaw Kaczynski, escapou dos protestos na capital, Varsóvia. Seu partido é o PiS, de orientação conservadora e que está liderando o governo.

Há a especulação de que o resultado emitido pelo Judiciário da Polônia tem tudo a ver com a linha de pensamento advogada pelo governo e pelo PiS.

Além de fazer um bom afago ao alto clero da igreja católica do país.

Desde que governa a Polônia, o partido PiS fez várias alterações no tribunal constitucional, sendo acusado de pôr membros favoráveis ou simpáticos às causas e ideias do partido político.

Alternativa

A parte da população que foi às ruas pretende pressionar o governo para que faça um referendo sobre o direito ao aborto em caso de má-formação do feto.

Na próxima segunda-feira (26), haverá novos protestos e bloqueio de trânsito nas ruas e avenidas das cidades da Polônia.

Estima-se que 200 mil abortos sejam praticados ilegalmente a cada ano. Esta estatística abrange tanto a Polônia como outros países.

Em pronunciamento, o Conselho da Europa reprovou o acórdão, bem como entidades de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional e Human Rights Watch.

O que é legal?

Com o entendimento do tribunal em proibir o aborto para má-formação congênita, a Polônia é considerada como um dos países mais restritivos e duros nesse tipo de legislação, dentro do âmbito da União Europeia. Dessa forma, a Polônia equipara-se à ilha de Malta quanto ao mesmo assunto.

Agora inconstitucional, aquelas polonesas que desejarem interromper o ciclo da gravidez só poderão fazer esse procedimento em três casos: violência sexual ou estupro, incesto e risco de saúde para a mãe.

Segundo dados colhidos, menos de 2 mil abortos são feitos de maneira legal dentro da Polônia; a maioria foi praticada por causa de má formação da criança. A população total do país é de 38 milhões de pessoas.