O ex-diretor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), James Woolsey, reconheceu que Washington interfere nas eleições de outros países.

Questionado pela apresentadora Laura Ingraham, durante entrevista no programa “The Ingraham Angle”, da rede de televisão Fox News, se a CIA já tentou interferir em processos eleitorais de outros países, ele respondeu: “Provavelmente. Mas foi para o bem do sistema, para evitar que os comunistas assumissem o poder.”

E continuou: “Por exemplo, na Europa em 1947, 1948 e 1949, na Grécia e na Itália.”

“Vocês não interferem atualmente?”, perguntou Ingraham.

Woolsey, então, pego de surpresa, retrucou com um sorriso, sem jeito: “Beeeemm... Mnham, mnham, mnham...”, para a gargalhada da apresentadora.

Recomposto, afirmou, mais sério: “Só para causas muito boas de interesse da democracia.”

O governo dos EUA já reconheceu publicamente em algumas ocasiões que apoiou golpes de Estado e a eleição de candidatos afins a seus interesses. Um exemplo conhecido do público brasileiro foi o patrocínio do golpe militar de 1964, retratado no documentário “O Dia que Durou 21 Anos”.

Rússia

Na mesma entrevista, o chefe da CIA entre 1993 e 1995 também acusou a Rússia de tentar influenciar a política americana e disse que Moscou interfere nos assuntos de outros países há décadas.

“Eles querem ser uma força e querem perturbar as coisas”, disse o também diplomata, referindo-se à suposta tentativa dos russos de influenciarem as eleições presidenciais de 2016 nos EUA.

Também na sexta-feira, o Departamento de Justiça indiciou 13 cidadãos russos e outras três organizações da Rússia acusados de interferirem em tais eleições, que elegeram o Donald Trump presidente dos EUA.

Eles teriam trabalhado para favorecê-lo e prejudicar Hillary Clinton, sua rival na corrida eleitoral.

No mesmo dia, o governo russo voltou a afirmar que não existem provas de seu envolvimento na política americana.

“Tem muita conversa sobre a interferência estatal [da Rússia] no processo eleitoral [estadunidense], mas eu não vi um único fato até agora”, declarou o ministro russo de Relações Exteriores, Sergey Lavrov, em entrevista ao canal de televisão europeu Euronews.

O diplomata russo se defendeu, lembrando que, recentemente, um funcionário da área de segurança digital do Departamento de Segurança Interior dos EUA disse que “eles não têm qualquer evidência de interferência da Rússia na última corrida presidencial”.