O ex-ministro Antonio Palocci relata em trecho de sua delação premiada que propina de contratos da usina hidrelétrica de Belo Monte abasteceu a campanha vitoriosa de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Segundo Palocci, tal ação, pedida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, teve o aval do ex-presidente Lula. Contudo, ele ressalta não saber se Haddad teve conhecimento de que sua campanha estava sendo financiada por propina vinda da empreiteira Andrade Gutierrez, que encabeçou o consórcio construtor da usina.
Palocci afirma na delação que no período das eleições municipais de 2012 recebeu a visita de João Vaccari Neto que "desejava saber se havia autorização para se cobrar das empresas do consórcio construtor da Usina de Belo Monte valores a serem empregados na campanha de Fernando Haddad", que, segundo o ex-ministro do PT, era "o principal projeto municipal do PT”.
Palocci fechou acordo com a Polícia Federal em março de 2018 e a delação foi homologada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) em junho do mesmo ano. Devido a essas afirmações Haddad virou réu em novembro de 2018 por suposto envolvimento em crimes relacionados a lavagem de dinheiro e Corrupção passiva. A investigação foi aberta pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 5.ª Vara Criminal da Capital.
Envolvimento de Haddad, segundo MPE
De acordo com dados do Ministério Público Estadual entre abril e maio de 2013, Haddad solicitou a João Vaccari o valor de R$ 3 milhões da empreiteira UTC Engenharia para supostamente quitar dívidas de campanha com a gráfica de Francisco Carlos de Souza, ex-deputado estadual do PT.
A Promotoria afirma que nesse período a empreiteira repassou para Haddad a soma de R$ 2,6 milhões.
Esquema de corrupção na Petrobras
O depoimento de Palocci foi dado seis dias após o de Lula na sede da PF em Curitiba. A narrativa do ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma Rousseff detalha os supostos acertos de propina na obra de Belo Monte, cobranças do PT e do MDB e os atritos entre Lula e Dilma.
Palocci contou sobre sua atuação direta no acerto de R$ 135 milhões em propinas em Belo Monte. O valor, segundo ele, foi dividido de forma igualitária entre o PT e o MDB. O ex-ministro dos governos do PT afirma que o ex-presidente Lula é o responsável pela criação do grupo de empresas que venceu o leilão e pela cobrança de propinas, via Vaccari.