O procurador da República Roberson Pozzobon, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, relatou preocupação com uma votação do Supremo Tribunal Federal (STF) que será realizada no próximo dia 13. Os ministros votarão a possibilidade de enviar para a Justiça Eleitoral casos de pagamentos para políticos que são considerados caixa 2. Isso pode retirar da Lava Jato muitas investigações que estão em andamento e já duram um bom tempo.

Segundo artigo publicado no jornal O Globo no último domingo (24), Pozzobon avalia que uma decisão da Corte de enviar os casos para a Justiça Eleitoral seria uma forma de abrir as portas para a impunidade.

Segundo os dizeres do procurador, os políticos fazem de tudo para defender os interesses das empresas que bancam suas campanhas, tanto com votações no Congresso, quanto nos direcionamentos de obras, no caso de governadores. Na Justiça Eleitoral, não existiria uma investigação voltada contra isso.

Ainda segundo o jornal, a votação tende a ser apertada. Pelo menos cinco ministros já se posicionaram que caixa 2 deve ser retirado da Justiça Federal e enviado para a Justiça Eleitoral.

Casos de corrupção

Segundo Pozzobon, uma investigação que se trata sobre crimes de Corrupção as vezes demora muito para se concluir, passando de dois anos. Entretanto, na Justiça Eleitoral, os juízes tem mandatos de apenas dois anos, já que o tribunal é transitório.

Eles só tendem a trabalhar em casos de curto prazo, o que não teria a ver com esses casos de caixa dois, na visão do procurador.

Pozzobon também ressaltou que muitos advogados tendem a dizer que os supostos crimes de seus clientes é referente a caixa dois para que vá à Justiça Eleitoral, assim eles tirariam o foco das investigações criminais.

Um exemplo dado pelo integrante da força-tarefa são valores recebidos fora do prazo das eleições, o que caracterizaria um crime de corrupção.

Outros procuradores da Lava Jato também se manifestaram é disseram que essa decisão da Corte do dia 13 será de "vida ou morte". Deltan Dallagnol chegou a dizer que se os casos foram enviados para a Justiça Eleitoral será algo "catastrófico".

Segundo Dallagnol, todas o esquema corrupto encontrado identificado pela Lava Jato vem dessas contribuições eleitorais feito por empresas.

Se os ministros retirarem as investigações da Justiça Federal, seria como anular a Lava Jato, disse o procurador. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse ao Supremo que a Justiça Eleitoral não tem estrutura para julgar casos de corrupção.