O ex-deputado do PSOL Jean Wyllys concedeu uma entrevista em Berlim, na Alemanha, nesta segunda-feira (18). Conforme informações divulgadas pelo UOL, o ex-parlamentar disse que não tem moradia, vive da ajuda de amigos e citou o ódio da família Bolsonaro contra ele.

No início deste ano, Wyllys decidiu deixar o Brasil e renunciou ao seu terceiro mandato como deputado federal. Ele alegou que estava sendo ameaçado de morte e sua família também estaria em risco. Ao participar do lançamento do filme brasileiro "Marighella" em um festival de cinema, Wyllys concedeu uma entrevista coletiva e desabafou sobre diversos pontos de sua vida.

De acordo com ele, a sua vida na Alemanha ainda está em um recomeço. Ele disse não ter moradia e vive com a ajuda de amigos. Um dos seus objetivos é inscrever em um programa de doutorado. O ex-deputado também contou que recebeu asilo político da França, entretanto, preferiu não aceitar, pelo menos por enquanto.

Críticas a Bolsonaro

Jean Wyllys fez várias críticas a Jair Bolsonaro. Ele demonstrou chateação quando o presidente postou uma mensagem de comemoração nas redes sociais ao saber da saída dele do Brasil. Segundo Wyllys, esse é o nível do presidente que o Brasil tem. Na entrevista, o ex-parlamentar chamou Bolsonaro de "incompetente" e "imbecil" por não saber nada sobre economia, saúde, moradia e educação.

Além disso, disse que Bolsonaro é um "moleque" e "debochado" por tratar a democracia dessa forma.

O ex-parlamentar disse que chorou intensamente ao se ver sozinho na Espanha, primeiro país que foi depois que deixou o Brasil. Ele sentia as incertezas de ter que começar uma nova vida ainda mais num momento sem grana e dependendo de ajuda.

Decisão

De acordo com ex-deputado, a decisão de deixar o Brasil foi algo difícil, mas necessário. Ele enalteceu apoios recebidos por pessoas que ele nem mesmo esperava, como por exemplo, o senador Renan Calheiros.

Ele diz acreditar que metade do país se comoveu com sua partida, já que teria ganho as eleições com legitimidade.

No entanto, conforme seus dizeres, o processo eleitoral foi para ele um "inferno". Por vários lugares que ia, as vezes tinha que voltar porque recebia informações de que estavam preparando um atentado contra ele. A escolta dele também não estaria preparada para algum ataque desse tipo.

Wyllys disse que pode um dia voltar ao Brasil, mas só fará isso após "forças assombrosas saírem do poder".