Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, conversou com amigos e demonstrou estar profundamente chateado com o presidente Jair Bolsonaro. Um dos motivos teria sido a entrevista do mandatário à TV Record, na qual chegou a dizer que Bebianno pode "voltar às origens", ou seja, deixar o seu cargo no Governo.
Conforme a coluna Mônia Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Bebianno estaria triste e sem palavras para expressar a decepção que vive neste momento.
Ele foi um dos que mais acreditou e incentivou a candidatura do capitão da reserva. Segundo amigos do ministro, nem mesmo Bolsonaro era convicto de entrar na disputa eleitoral. Bebianno apostou todas as fichas que Bolsonaro conseguiria chegar ao poder. No entanto, o ministro nunca teve uma relação amigável com os filhos de Jair Bolsonaro, principalmente, o vereador Carlos Bolsonaro.
Investigações
O suposto envolvimento de Bebianno no escândalo das candidaturas "laranjas" do PSL, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, foi um ponto-chave para que os filhos do presidente intensificassem os ataques ao ministro.
Carlos Bolsonaro chegou a dizer no Twitter que Bebianno é "mentiroso".
Por determinação de Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, acionou a Polícia Federal para investigar o caso. Há suspeitas sobre repasses do fundo partidário feitos pelo PSL. A declaração de Moro ocorreu nesta quinta-feira (14). Segundo o ministro, tudo está sendo apurado e medidas serão tomadas.
Conforme divulgado pela Folha, o PSL repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal em Pernambuco, poucos antes do término das eleições. A candidata teve apenas 274 votos. Contudo, esse valor repassado mostra indícios de uma candidatura "laranja", no caso, de fachada.
Questionado por jornalistas em um evento com juízes federais, em Brasília, Moro disse que as investigações foram iniciadas e enfatizou a determinação que veio por parte do presidente da República.
No entanto, Moro não deu mais detalhes sobre esse caso.
Diferença de tratamento
O jornalista Gerson Camarotti registrou no portal G1 que existe uma diferença na relação de tratamento de um ministro com outro feito por Bolsonaro. De acordo com ele, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também é suspeito de envolvimento no uso de "laranjas", mas foi poupado por Bolsonaro de críticas.
A situação estaria tensa no PSL e Bolsonaro poderia ter o desgaste de demitir Bebianno, já que o ministro falou que não iria sair por conta própria.