O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu uma entrevista à revista Época e desabafou sobre as supostas perseguições das quais tem sido alvo. De acordo com ele, um procurador da Lava Jato teria "forçado" um delator a denunciá-lo. "Ele exigiu que meu nome viesse na delação", disse.

Além disso, Gilmar Mendes comentou que um outro colega de tribunal estaria sendo chantageado. Segundo Mendes, a todo momento vinham informações de que esse ministro chantageado era alvo de uma delação. Com isso, o ministro ficava atemorizado e refém dos procuradores da força-tarefa, disse Mendes.

Conforme informações da revista Época, Gilmar Mendes se revoltou com investigações da Receita Federal contra ele e sua esposa, Guiomar Mendes. Segundo a reportagem, era a primeira vez que um magistrado da mais alta Corte sofria uma investigação desse porte.

O Fisco justificou que realizou uma "análise de interesse fiscal" para avaliar possíveis casos que envolvam Corrupção, lavagem de dinheiro e outras irregularidades. As suspeitas acabaram envolvendo honorários advocatícios da esposa do ministro e supostos favorecimentos dele no Supremo.

Indignado, o ministro comentou que essas apurações contra ele e sua esposa são abusos de poder. Mendes disse que antes, o ex-secretário Everardo Maciel controlava a corrupção na Receita.

Contudo, hoje a fiscalização está por conta das forças-tarefas. "A questão é grave", comentou Mendes.

Acusação contra procurador

À revista Época, Gilmar Mendes comentou que foi procurado pelo seu sócio no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) em São Paulo, Luiz Junqueira, para uma grande revelação. Segundo Junqueira, ele foi contatado por um advogado da empreiteira Triunfo, uma das empresas investigadas pela Lava Jato, de que o procurador Diogo Castor, da força-tarefa de Curitiba, negociava a delação dos empresários da construtora.

Conforme informações do advogado Tracy Reinaldet, Castor teria exigido uma condição para que o acordo de colaboração dos empresários fosse aceito pela Lava Jato. O nome de Gilmar Mendes e do desembargador e presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Thompson Flores, deveria ser citado na delação.

Gilmar Mendes disse que também ouviu essa mesma história de um amigo seu de Brasília.

Para Mendes, essa apuração da Receita Federal é "esdrúxula". Dias Toffoli pediu que se tomassem medidas cabíveis sobre este fato. Ele acionou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Receita Federal, Marco Cintra.