Na quinta-feira passada (21), a polícia federal prendeu, em caráter preventivo, o ex-presidente da república Michel Temer, através de um braço da Operação Lava Jato, que investiga irregularidades em obras na usina nuclear Angra 3. Além de Temer, a PF cumpriu mais 9 mandados, incluindo prisões temporárias e preventivas de envolvidos no caso. Entretanto, alguns dos presos já foram soltos durante o final de semana. Por exemplo, Rodrigo Neves foi beneficiado por uma decisão do TRF2 ainda no sábado (23). Já no domingo, a desembargadora de plantão Simone Schreiber também concedeu habeas a Carlos Jorge Zimmermann, usando o mesmo argumento para a soltura de Rodrigo.
Os advogados de Michel Temer também entraram com um pedido de habeas corpus, que será julgado na quarta-feira (27)
Confira a situação de cada um dos presos na operação que prendeu Temer e Moreira Franco:
Rodrigo Neves
Neves teve sua prisão temporária decretada na quinta-feira, pois é o representante da Alumi Publicidades. A Alumi tinha contrato com o Consórcio Inframérica Aeroporto, referente a um plano de divulgação publicitária a ser executado junto ao aeroporto da capital federal.
Neves é apontado pelo Ministério Público como o responsável pelo intermédio dos pagamentos dos favorecimentos indevidos ao amigo de Temer. Esses valores, solicitados pelo próprio coronel, segundo investigações, somam R$ 1 milhão.
O pagamento foi realizado através de transferência de valores da Alumi para a PDA, representada por Rita Frazeti, esposa de Lima.
Rodrigo já foi solto. O TRF 2ª Região libertou no sábado Rodrigo Castro Alves Neves
Carlos Zimmermann
Assim como Neves, Zimmermann teve sua prisão temporária decretada na manhã de quinta. Zimmerman era o representante da finlandesa AF Consult no país, o que o colocava em contato direto com Neves.
Esse cargo foi exercido, justamente na época onde ocorreram as licitações para as obras na usina nuclear de Angra 3. Sua função seria, oficialmente, a de representar uma série de empresas, que repassariam capital, da empresa finlandesa para a empresa estatal Eletronuclear, responsável pela planta de Angra 3.
Carlos, ainda, era um antigo funcionário da Engevix, fonte das propinas pagas a Temer.
Zimmermann ingressou na construtora com o único intuito de facilitar o repasse de dinheiro ilícito para o esquema criminoso. No entanto, não foi comprovada sua intromissão nos repasses.
A introdução da empresa de Lima no consórcio em conjunto com a AF Consult, foi com o intuito principal de garantir que esta última assegurasse sua vitória na licitação fraudulenta. Para isso, foi ofertada para Temer a propina nos valores já citados acima. Todo esse repasse teria sido intermediado por Carlos Zimmermann.
Carlos teria sido escolhido para o papel de representante da empresa estrangeira por ser um homem de confiança de ambas as partes do esquema. Seu papel era fundamental para assegurar que todos, inclusive ele, seriam capazes de cumprir com o esquema ilícito acordado.
Carlos também foi solto por decisão de uma desembargadora de plantão no TRF2, no último domingo (24). Ele foi solto, segundo a desembargadora, por se tratar de uma prisão temporária.
Moreira Franco
Moreira Franco ocupou diversos cargos de ministro no governo Temer. O MPF tem contra ele as denúncias de intermédio entre Temer e a Engevix, na qual a empresa pagou a Temer mais de R$ 1 milhão, referente a propinas para facilitação de contrato de obras na usina.
Coronel Lima
O amigo de Temer também teve a prisão preventiva decretada. João Lima é dono da construtora Argeplan e suspeito de ser o responsável pelas cobranças de propinas no caso Angra 3.
As propinas viriam da construtora finlandesa AF Consult, em parceria com as já citadas Argeplan e Engevix.
Lima também é suspeito de favorecimento indevido, desde a década de 90, intermediados pelo ex-presidente. Também é suspeito que operava na Argeplan desde os anos 80, apesar de apenas ter se formalizado como sócio em 2011.
Rita Fratezi
A arquiteta e esposa de Lima, Rita Fratezi, também teve sua prisão preventiva decretada na última quinta-feira. Segundo as investigações, Fratezi era quem atuava na captação de recursos para as propinas. Rita era representante da Argeplan e da empresa PDA, responsável por projetos e por trabalhos de direção arquitetônica. Fratezi também era a responsável por lavagem de dinheiro, através de reformas realizadas na residência de Maristela Temer, filha do ex-presdente.
Nas propostas falsas de serviços, junto à construtora Construbase, é a assinatura de Rita Fratezi que consta, configurando prova de sua atuação no esquema, segundo a procuradoria. Ela também teria recebido mais de R$ 1 milhão, entre 2013 e 2017, mesmo sem ter prestado serviços pela atividade de arquiteta.
Carlos Costa
Também teve sua prisão preventiva decretada. Carlos era sócio de Lima na construtora Argeplan. Costa também participou da mesa societária da construtora AF Consult, bem como de sua representante no Brasil. Também, segundo os promotores, manifestou interesse nas negociações acerca da usina nuclear de Angra 3, visando o esquema de propinas que permeou as negociações.
Vanderlei Natale
O empresário, amigo de Temer, também teve sua prisão preventiva decretada. Natale tinha ligações com Lima, além de com o ex-presidente, segundo informações divulgadas pelo Ministério Público. O empresário seria, supostamente, o intercessor, junto à estatal, com o intuito de facilitar a aprovação das licitações fraudulentas para as obras na usina nuclear.
Carlos Gallo
O administrador da importadora CG Impex também foi preso preventivamente. Gallo é implicado como facilitador do esquema todo. Isso porque compunha a mesa societária da rede de empresas, responsável pela captação de recursos. Também era tido como intercessor da Argeplan junto a administradora de Angra.