A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) uma cópia de uma conversa entre o ex-presidente Michel Temer e o seu ex-ministro Moreira Franco, momentos antes deles serem presos pelos agentes da Polícia Federal (PF) no dia 21 de março. Vale ressaltar que os dois já foram soltos mediante determinação do desembargador Ivan Athié, do TRF-2.
Conforme as mensagens divulgadas, Temer entra em contato com Moreira na madrugada daquele dia 21 de março. Ele pergunta se o ex-ministro está acordado à 1h24. Moreira demora para atender e quando é 1h40 liga para o ex-presidente, que não atende.
O ex-ministro então envia uma mensagem para o celular de Temer avisando que ligou mas ele não atendeu. Segundo o Ministério Público Federal, a troca de mensagens entre os dois seria um indício de "conhecimento prévio da ordem de prisão".
A Lava Jato deflagrou a Operação Descontaminação levando à cadeia o ex-presidente Michel Temer, seu ex-ministro Moreira Franco, o Coronel Lima, amigo pessoal do emedebista, e outros investigados. A operação está ligada às investigações realizadas pela Procuradora-Geral da República (PGR) no tempo em que Temer ainda era presidente do país. Após o emedebista perder o foro privilegiado, os processos que envolviam seu nome foram parar na Lava Jato do Rio. Quem determinou a prisão dos investigados foi o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio.
Em seu despacho, Bretas chegou a dizer que esses esquema corrupto investigado pela PF já acontecia há 40 anos e tem o ex-presidente como líder da organização criminosa.
Ações penais
Nesta última segunda-feira (2), Bretas abriu duas ações penais contra Temer, Moreira e mais 12 investigados. As ações envolvem suposto recebimento de propinas nas obras da usina de Angra 3, da Eletronuclear.
Todos são acusados de Corrupção, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Além de ser alvo dessas investigações, Temer também está na mira da Lava Jato de São Paulo. Ele suspeito de ter reformado a casa de sua filha, Maristela, com dinheiro irregular, intermediado pelo Coronel Lima.
Defesas se manifestam
O advogado Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou que seu cliente nunca participou de qualquer ato ilícito e todas as acusações são, segundo ele, "fantasiosas".
De acordo com Carnelós, todas essas denúncias contra o ex-presidente ainda vão parar na "lata de lixo da história".
Moraes Pitombo, que defende Moreira Franco, afirmou que a existência de um processo judicial é necessário para que autoridades imparciais investiguem e busquem a verdade dos fatos. No entanto, resta aguardar se as autoridades terão essa imparcialidade com seu cliente, disse.