O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado, concedeu duas entrevistas na prisão. Na primeira, ele chegou a afirmar que o país está sendo governado por “um bando de malucos”. Agora, na segunda entrevista, ele fez críticas mais severas ao atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.

A entrevista foi realizada na última sexta-feira (3), pelo jornalista Kennedy Alencar. Trechos da mesma foram divulgados em uma reportagem exibida nesta sexta-feira (10) pela rede britânica BBC.

O ex-presidente criticou o fato de Bolsonaro facilitar o porte de armas de fogo no país.

“Ele é um doente! Acha que o problema do Brasil se resolve com arma”, disparou o ex-presidente. Para Lula, a solução do país não está em munir as pessoas com armas, mas com livros e escolas.

Lula disse ainda que ao criar o decreto de porte de armas, o presidente acabou com “todos os conselhos populares que foram criados a partir da Constituição de 1988”. Esta fala de Lula foi dita uma semana antes da aprovação do decreto feito por Bolsonaro. Em tom exaltado, Lula afirmou que espera que o presidente aprenda a conduzir os rumos do país, para o bem de todos. Ele disse que ao invés de Bolsonaro “ficar falando bobagens”, deveria dizer que irá governar o país melhor que o Lula.

Segundo Lula, o presidente “corre atrás dos filhos para apagar um incêndio a cada dia”.

Para ele, a família de Bolsonaro foge do seu controle.

Ex-presidente faz autocrítica

Lula afirmou durante a segunda entrevista feita na prisão que lamentava o fato de não ter sido mais firme e incisivo com a ex-presidente Dilma Rousseff, afastada da presidência após impeachment em 2016.

A respeito da Copa do Mundo de 2014, o petista afirmou que o Brasil não soube aproveitar a oportunidade, pois o país já estava acometido pelo ódio.

Lula, que está preso em uma sala especial da superintendência da Polícia Federal de Curitiba, disse durante entrevista que ainda está aguardando provar sua inocência e questionou o fato de não terem apresentado nenhuma prova de que o apartamento seria seu.

O ex-presidente disse ainda que a elite brasileira alimenta um ódio pelo Partido dos Trabalhadores (PT) porque a mesma não admite o fato de ver que muitas pessoas saíram da extrema pobreza.

Segundo Lula, a elite não tolera ter que viajar com pobres, nem ter que dividir os mesmos espaços com eles. Para o ex-presidente, a elite já possuía planos contra o PT e objetivavam destituir o partido do poder, desde as pequenas manifestações que inicialmente protestavam contra o aumento das tarifas de transporte, ocorridas em 2013. A entrevista completa só será divulgada no blog do jornalista Kennedy Alencar na próxima segunda-feira (13).