Na noite desta quinta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) rebateu a fala de Emmanuel Macron, presidente da França. Nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que Marcron objetivava instrumentalizar uma questão que é interna do Brasil com o intuito de obter ganhos políticos: "lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países p/ ganhos políticos pessoais".
Ainda na publicação, Bolsonaro criticou o "tom sensacionalista" que segundo ele tem sido usado pelo presidente francês para se referir à Amazônia e ressaltou que isto não contribui para resolver o problema.
Bolsonaro disse que o presidente francês havia apelado até mesmo para uma foto falsa. A foto que Macron utilizou para falar sobre a questão da Amazônia foi registrada pelo fotojornalista da National Geographic Loren McIntyre, que morreu em 2003, nos EUA.
Marcron compartilhou a foto antiga para chamar a atenção a respeito da situação da Amazônia, que ele denominou de "crise internacional" e "emergência". "Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional", disse. Além disso, Macron escreveu na publicação que os membros do G7 deveriam aproveitar uma reunião que realizam neste fim de semana para debater a respeito da questão.
Our house is burning. Literally. The Amazon rain forest - the lungs which produces 20% of our planet’s oxygen - is on fire. It is an international crisis. Members of the G7 Summit, let's discuss this emergency first order in two days! #ActForTheAmazon pic.twitter.com/dogOJj9big
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 22, 2019
Bolsonaro aproveitou para criticar a postura do presidente francês, afirmando que a sugestão de Macron em discutir assuntos referentes a Amazônia sem a participação de países da região é algo ultrapassado: "a sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".
- O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 22, 2019
Para Bolsonaro, 'ongueiros' são responsáveis
Dados do Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), apontam que as queimadas na Amazônia aumentaram 82% neste ano.
Foram 71.497 focos de incêndio neste ano, dos quais 52,5% se concentram na Amazônia.
O presidente levantou nesta semana a suspeita de que os principais responsáveis pelas queimadas na Amazônia seria o que classificou como "ongueiros". Na quinta-feira (22), Bolsonaro voltou a afirmar durante declaração na saída do Palácio da Alvorada que as organizações não-governamentais (ONGs) podem ser os responsáveis pela situação que a Amazônia está passando, mas admitiu não ter provas para sustentar tal afirmação.
O presidente foi questionado se acreditava que os fazendeiros poderiam ser culpados pelas queimadas, ao que respondeu que sim, mas que a "maior suspeita" seria sobre as ONGs. Segundo Bolsonaro, o fato do Governo ter retirado dinheiro que antes era repassado às ONGs, pode funcionar como justificativa à suspeita suscitada por ele.