De acordo com a reportagem do jornalista Fábio Fabrini, publicada nesta terça-feira (20) na Folha de S.Paulo, a operação Lava Jato identificou que uma empresa do ministro da Economia, Paulo Guedes, fez pagamentos para um escritório de fachada, suspeita de lavar dinheiro para pagar propina para agentes públicos no governo do Paraná.
A Lava Jato apresentou a denúncia sobre o caso em abril de 2018 e não incluiu na lista de acusados o atual ministro da Economia e outros representantes de sua empresa.
Neste período em que foi apresentada a denúncia, Paulo Guedes integrava a pré-campanha de Jair Bolsonaro (PSL) para a presidência da República.
Os R$ 560,8 mil foram repassados em nome da GPG Consultoria, empresa na qual Paulo Guedes era sócio-aministrador, para a empresa Power Marketing Assessoria e Planejamento, operada por um assessor do ex-governador Beto Richa (PSDB-PR).
O nome de Paulo Guedes e dos demais representantes de sua empresa não estão presentes na denúncia feita pela força-tarefa sobre o caso. Há apenas uma citação no rodapé do documento encaminhado à Justiça.
No entanto, a ação penal aberta por Sergio Moro prendeu, denunciou e tornou réus os demais responsáveis por outras duas companhias que também destinaram recursos ao escritório suspeito, contudo, Guedes permaneceu livre das acusações.
Resposta
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, a denúncia focou apenas nas pessoas e empresas sobre as quais haviam provas concretas, no entanto, as investigações continuam.
Os procuradores não informaram se Paulo Guedes e os demais representantes da GPG são alvos dessas investigações. Apenas declarou que indícios de crimes sujeitos a foro privilegiado são encaminhados para PGR ou STF.
Os advogados do ministro Paulo Guedes informaram que desde dezembro de 2018 ele se retirou de suas atividades empresariais e destacou que as empresas das quais foi sócio antes de assumir cargo público estavam dentro da legalidade.
Parcialidade da Lava Jato
Em sua conta no Twitter, o jornalista Glenn Greenwald comentou a notícia. Para ele existe a partidarização dentro da operação Lava-Jato. De acordo com Glenn, há evidências de que Sergio Moro e a força tarefa “foram corrompidos”.
Pode-se debater quais intenções impulsionaram Moro e Lava Jato no início (2014/5). Há muitas evidências de que eles foram corrompidos até então. Mas agora está além do debate razoável que, ao longo dos últimos anos, eles foram primariamente uma operação politizada e corrompida: https://t.co/H3EsywTZH5
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) August 20, 2019
Nos últimos meses, o site The Intercept Brasil vem publicando reportagens que mostram trocas de mensagens entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato. As conversas mostram, segundo a publicação, uma estreita relação entre Moro e o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol.