Em entrevista publicada na edição desta quinta-feira (12) do jornal francês Le Monde, o ex-presidente Lula, que se encontra preso desde abril do ano passado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, atacou o Governo Bolsonaro ao afirmar que o presidente não faz nada em sua gestão, apenas destrói: "é um governo de destruição". Em seguida, completou afirmando que o governo não tem "nenhuma visão de futuro" e não possui programas. Para Lula, Bolsonaro "não é qualificado para o poder”.
Segundo o petista, é possível perceber o "perfil destrutivo" do governo Bolsonaro nos setores que envolvem a educação, os direitos trabalhistas, as privatizações de empresas, a indústria e a falta de uma política de preservação do meio ambiente.
Em relação a este último setor, Lula afirmou que os brasileiros deveriam reagir diante da situação da Amazônia, que tem sofrido com incêndios e desmatamento.
Lula também se manifestou acerca da ideia de um status internacional da Amazônia, que foi comentada pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Concordando com Bolsonaro, Lula também se mostrou contra esta ideia e afirmou que os brasileiros precisam se mobilizar contra isto. "A Amazônia é propriedade do Brasil. Faz parte do patrimônio brasileiro. E é o Brasil que deve cuidar dela", completou.
Lula pede por justiça
Ao falar sobre sua situação, Lula afirmou que não deseja favor nenhum, não quer redução de pena e nem prisão domiciliar, apenas pediu para que a justiça fosse feita.
"Apenas justiça!", disse o ex-presidente, que afirmou que sua casa não seria uma prisão e que "as tornozeleiras eram boas para os pombos-correio". Condenado no caso do tríplex de Guarujá, investigado pela Lava Jato, o petista cumpre pena de oito anos e dois meses de prisão.
Ainda na entrevista, Lula falou sobre sua rotina na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Ele contou que durante o dia caminha cerca de nove quilômetros, assiste televisão, filmes, bate-papo com os advogados e gosta de ler. Ele citou que os livros preferidos que gosta de ler são aqueles que falavam sobre história das lutas sociais no Brasil.
O petista disse que estava horrorizado ao ver que as pessoas que lutaram pelos brasileiros ao longo da história acabaram tendo finais trágicos.
Como exemplo ele citou Tiradentes, Antônio Conselheiro e Zumbi, e lamentou o fato de que algumas pessoas não sabem a história deles.
Durante a entrevista, Lula foi questionado se ele se identificava com alguns dos heróis citados por ele, e como resposta disse que se considerava uma versão moderna desses heróis. "Creio que sou um pouco a versão moderna deles, com uma forma mais sofisticada", disse. Entretanto, ele lamentou que, no caso dele, o Poder judiciário foi usado apenas para fazer política ao invés de justiça.