Um grupo de Estados brasileiros e o Governo da França têm planos de fazer uma parceria com a intenção de preservar a floresta amazônica, é o que foi informado na última segunda-feira (9) pelo líder do grupo. A medida vai contra os interesses do governo federal brasileiro, pois houve um atrito entre os presidentes dos dois países.

Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, é o líder do consórcio dos nove Estados que forma a região amazônica brasileira. Góes informou à Reuters que a parceria será anunciada na Cúpula do Clima da ONU em Madri nesta semana e também incluirá iniciativas que visam cortar as emissões de gases do efeito estufa.

As queimadas e incêndios que ocorrem na parte brasileira da floresta, que possuí 60% da Amazônia total, saltou para o maior número desde 2010. As queimadas generalizadas provocaram uma comoção internacional e ficou-se com a impressão de que o Brasil não estaria atuando de forma satisfatória para proteger suas florestas.

Macron vs. Bolsonaro

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu ações urgentes no combate aos incêndios e após o pedido, envolveu-se em uma guerra verbal com o presidente brasileiro. O presidente francês acusou Bolsonaro de ter mentido para os líderes mundiais sobre o comprometimento do Brasil na preservação do meio ambiente.

Em um dos capítulos da disputa entre os dois chefes de Estado, Bolsonaro insultou a esposa de Emmanuel Macron e afirmou que somente aceitaria os US$ 20 milhões oferecidos pelo G7, grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, se o francês retirasse os insultos.

Waldez Góes afirmou que os Estados brasileiros envolvidos na aliança com a França farão o anúncio nesta terça-feira (10) de um mecanismo que permitirá que países estrangeiros façam contribuições para projetos estaduais para preservar a Amazônia, sem ter que passar pelo governo federal. O governador afirmou ainda que já procurou diversos governos de países europeus e solicitou financiamento para estas iniciativas.

Ainda não está claro se as negociações com a França terão efeitos imediatos já na cúpula, ou seja, não há ainda uma resposta oficial por parte do governo francês sobre uma quantia específica sobre uma contribuição, afirmou Góes. Enquanto que um porta-voz da delegação francesa presente na conferência se recusou a comentar o assunto.

Bolsonaro recebe críticas dos ambientalistas pela maior alta nos números do desmatamento ocorrida nos últimos 11 anos Ele é acusado de fazer uma política que prioriza o desenvolvimento da região sobre sua preservação.

"Hoje, no Brasil, o presidente da República tem como agenda oficial a exploração da Amazônia", afirmou Nara Bare, representante indígena brasileira que esteve em um protesto realizado do lado de fora de onde está acontecendo cúpula em Madri, que tem previsão de terminar na próxima sexta-feira (13). O presidente Bolsonaro já afirmou que é sensacionalismo o que a imprensa faz ao falar sobre os incêndios na Amazônia, com a intenção de demonizá-lo.