E mais uma vez um apoiador do Governo de Jair Bolsonaro acena com a possibilidade da volta do AI-5 (Ato Institucional n° 5). Anteriormente, um dos filhos do presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, já havia dado polêmica declaração em que dizia que se a esquerda radicalizasse nas manifestações, poderia haver uma volta da medida que fora implementada na época da ditadura. Desta vez foi o ministro da Economia, Paulo Guedes, quem deu declaração semelhante.
Em evento realizado nos Estados Unidos, o ministro relatou que o motivo de as reformas do governo estarem caminhando de forma lenta é para prevenir-se de manifestações de rua.
A velocidade das reformas conduzidas pelo governo seriam uma determinação de Jair Bolsonaro, segundo Paulo Guedes. A entrevista coletiva do ministro durou quase duas horas na noite da última segunda-feira (25).
O ministro Paulo Guedes se exasperou quando comentou a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-liberto da prisão. Guedes afirmou em Washington que o discurso de Lula podem levar ao acirramento das ações do governo de Jair Bolsonaro.
Ato Institucional Nº 5
O Ato Institucional Nº5, foi um instrumento da ditadura militar editado em 1968. Esta medida fechou o Congresso Nacional e cassou liberdades individuais. Guedes relembrou a fala de Eduardo Bolsonaro, que no fim do mês de outubro afirmou poder haver a necessidade de reeditar o AI-5 em caso de radicalização da esquerda.
Lula pronunciou-se sobre a fala do ministro da Economia na manhã de terça-feira (26) em seu Twitter. Na rede social o petista defendeu o PT (Partido dos Trabalhadores) e afirmou que Jair Bolsonaro (sem partido) tem "ojeriza à democracia". A mensagem do petista foi publicada horas depois da fala do ministro da Economia.
Vamos deixar uma coisa clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela liberdade e governou democraticamente. Não fomos nós que elegemos um candidato que tem ojeriza à democracia.
— Lula (@LulaOficial) 26 de novembro de 2019
Em sua colula noUOL, o jornalista Chico Alves comenta que “declarações tão abjetas” precisam ser rebatidas pelas instituições de forma enérgica, assim como ocorreu quando o Eduardo Bolsonaro fez ameaças à democracia em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube.
O colunista ressalta o fato de que Paulo Guedes tem uma credibilidade que Eduardo Bolsonaro não tem, segundo Alves, a fala de Guedes torna-se ainda mais grave, sendo possível até mesmo em pensar na destituição do ministro, atitude essa que o colunista não acredita que Bolsonaro fará.
Tanto a fala de Eduardo quanto a de Paulo Guedes mostram uma preocupação com possíveis manifestações de rua, então o colunista reflete e diz que se manifestações feitas em um passado recente contra a ex-presidente Dilma Rousseff e seu sucessor na presidência Michel Temer foram encaradas como um processo normal, dentro da democracia. O jornalista questionou qual seria o motivo de ser diferente agora.