Durante sua breve passagem pela Colômbia para participar do "Hay Festival Cartagena", a ex-presidente Dilma Rousseff concedeu nesta quarta-feira (5) uma entrevista ao site Deutsche Welle. Dentre os assuntos abordados, ela falou sobre os protestos de 2013, sobre a polarização política na América do Sul e também sobre como a esquerda brasileira deve olhar com mais atenção e se aproximar dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro.
Para Dilma Rousseff, no Brasil é possível constatar a existência de um governo que ela classifica como neofascista, porém que executa um programa neoliberal.
O governo, segundo ela, utiliza de maneira clara diversos mecanismos para perseguir artistas, humilhar professores, desrespeitar a autonomia universitária, o direito, e até mesmo os jornalistas. Os brasileiros convivem diariamente com isso, através do governo Bolsonaro, que, ainda segundo ela, possui relações bastante estranhas com segmentos da milícia.
Dilma à Deutsche Welle
HORA DE SE JUNTAR AO POVO
"Onde está o povo brasileiro é onde teremos de estar. Só tem esta forma".
A entrevista está no link:https://t.co/F76ablwYcI pic.twitter.com/yWJDhqGZ0K
— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 5, 2020
Dilma à Deutsche Welle
HORA DE SE JUNTAR AO POVO
"Onde está o povo brasileiro é onde teremos de estar. Só tem esta forma".
A entrevista está no link:https://t.co/F76ablwYcI pic.twitter.com/yWJDhqGZ0K
— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 5, 2020
Como esquerda deve recuperar o eleitorado brasileiro
Ao ser perguntada sobre o que é preciso ser feito para recuperar o eleitorado perdido para Jair Bolsonaro, Dilma Rousseff afirmou que é necessário olhar para os evangélicos.
É preciso discutir com eles sobre a segurança, que é a questão central que fez com que os evangélicos apoiassem e votassem em Bolsonaro. Para isso é necessário que a segurança no Brasil seja tratada como prioridade, será preciso construir um modelo que atenda às pessoas e seus interesses, que não as deixem tão infelizes como estão.
"Nós temos de olhar para os evangélicos que votaram no Bolsonaro. Nós temos de discutir com aqueles que o defenderam porque acham e acreditam que a questão da segurança no Brasil é a questão central", disse Dilma.
Sobre o modelo econômico atual, Dilma ainda reforçou que é preciso construir um modelo que atenda aos interesses das pessoas, pois quando a economia leva a tamanha desigualdade, isso não é algo consensual.
Quando questionada sobre uma possível ligação entre a eleição de Jair Bolsonaro e os protestos que aconteceram pelo Brasil em 2013, a ex-presidente é enfática em dizer que não acredita que haja uma relação direta entre os dois fatos.
Para ela, os movimentos sociais são bem mais complexos, porém na ocasião, em 2013, houve uma parcela da população que seria possível manipular as coisas, fortalecendo assim um movimento de extrema-direita.
Polarização política na América do Sul
Quando questionada sobre a polarização política existente no Brasil e em boa parte da América do Sul, Dilma foi enfática em sua resposta, dizendo que acredita em uma polarização existente em todo o continente, fruto do aumento de uma desigualdade brutal.
Então, segundo ela, cria-se uma sensação imensa de mal-estar quando se percebe que muitos têm tão pouco e poucos têm tanto. Com isso, continua, os partidos políticos perdem os créditos com a população que acaba indo para as ruas com força e espontaneidade.