Na última sexta-feira (27), o presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) tornou a pedir o fim do isolamento social em massa. De acordo com o presidente, o método para conter o avanço do coronavírus (Covid-19) aconteceu de forma precoce e pode provocar uma "onda de desempregos", afetando diretamente a economia do país.
As declarações do presidente aconteceu numa entrevista realizada ao programa "Brasil Urgente", da Band, onde afirmou: "infelizmente, algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco".
Bolsonaro critica medidas de isolamento social
Para o presidente Jair Bolsonaro as medidas de isolamento social em massa foram e são equivocadas e serão “muito mais danosas do que o próprio vírus”, e, visando evitar o pior à população, precisa retomar o trabalho e a normalidade. Segundo Bolsonaro, "o brasileiro quer trabalhar", diante dessa vontade de uma parcela dos brasileiros é preciso que o confinamento em massa acabe para que o brasileiro possa voltar a sua rotina de trabalho. Segundo o presidente, as medidas de prevenção para combater o coronavírus continuarão e ressaltou a atenção para aqueles que fazem parte dos grupos de riscos.
Na última terça-feira (24), o presidente fez um pronunciamento em rede nacional onde pregou a reabertura de escolas e do comércio brasileiro.
Dois dias depois (26), o Planalto lançou a campanha “O Brasil não pode parar”.
Esta campanha defende uma maior flexibilização do isolamento social, em especial, para os profissionais formais e informais que precisam trabalhar para manter suas vidas e destacou que o isolamento é para aqueles que tem algum comprometimento de Saúde.
Mandetta tem posição contrária a Bolsonaro
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, é favorável às medidas de isolamento social em massa definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e isso não tem agradado ao presidente da República. Segundo o colunista Tales de Faria, do UOL, Bolsonaro tem dito aos seus auxiliares mais próximos que está de "saco cheio" do ministro por defender o isolamento social.
Ainda de acordo com informações do colunista Tales de Farias, Bolsonaro ainda não concretizou a demissão de Mandetta por medo de agravar a crise provocada pela pandemia do coronavírus (covid-19). A demissão pode representar um rompimento com boa parte do empresariado que apoiou a campanha eleitoral em 2018, assim como com uma parcela da opinião pública.
O presidente da Anvisa, Antonio Torres, que é médico da Marinha, pode ser o nome escolhido por Bolsonaro para ocupar o lugar de Mandetta, segundo Faria.
O combate ao coronavírus será norteado pela ciência
O ministro da Saúde afirmou neste sábado (28), que as ações da pasta no combate ao novo coronavírus serão norteadas pela Ciência e não adotará outro tipo de orientação e que já está com os "cabeças brancas da medicina no ouvido" e que será através deles que tomará suas decisões.
Em declaração, Mandetta não citou o nome do presidente Bolsonaro, mas deu respostas as frases, também, ditas pelo presidente, em entrevistas.
Segundo o ministro, "quem raciocinar pensando que nessa (pandemia) será assim (H1N1), vai errar feio”. Sua declaração faz referência à fala do presidente Bolsonaro ao programa "Brasil Urgente" do dia (27), quando comparou a pandemia da Covid-19 com situações semelhantes a gripe H1N1 em anos anteriores.