O ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão nesta quinta-feira (23), informa o jornal Folha de S.Paulo. De acordo com a publicação, o motivo é a troca de diretores da Polícia Federal. Hoje, o órgão é gerido pelo delegado Maurício Valeixo.
A informação foi transmitida a moro durante uma reunião. Ainda de acordo com a reportagem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta demovê-lo da ideia.
Bolsonaro designou os ministros Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da secretaria de Governo, a convencer Sergio Moro a desistir da ideia.
Valeixo é homem de confiança de Moro, segundo publica o jornal.
Bomba
A notícia caiu feito uma bomba e atiçou antigos aliados políticos do presidente Bolsonaro. A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), foi uma das que se manifestou nas redes sociais. Animada com a notícia, ela escreveu que está disposta a gritar aos quatro ventos, em 2022: “Moro, presidente”. Ela comentou também que pretende corrigir o erro cometido em 2018, quando acreditou num projeto de país, que se transformou em “estelionato eleitoral”.
Quero gritar aos 4 ventos em 2022: “MORO PRESIDENTE!”e me redimir pelo erro que cometi em 2018 ao acreditar num projeto de país que se transformou em estelionato eleitoral. Cadê o combate à corrupção? Cadê a economia liberal? Cadê a democracia plena? BOLSONARO enterrou TUDO
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) April 23, 2020
O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) foi mais ofensivo.
Ele classificou o governo de “imbecil”.
Moro deveria sair desse governo imbecil e se candidatar para 2022 . 🇧🇷🇧🇷🔪💀 pic.twitter.com/dN864Hl4Vo
— Alexandre Frota 77 (@alefrota77) April 23, 2020
A deputada federal Carla Zambelli lamentou a notícia. Para ela, a mídia prega mais uma peça na população e a bolsa “caiu com essas falácias”.
Ela reafirmou que o ministro Sergio Moro não vai sair.
A mídia nos pregando uma peça mais uma vez.
A bolsa caiu com essas falácias.
@SF_Moro não vai sair.
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) April 23, 2020
A colunista Andréia Sadi, da Globo e do G1, afirma que não houve uma justificativa plausível para a troca de Valeixo. Segundo fontes da colunista, o problema não é o diretor-geral da Polícia Federal, mas Sergio Moro, que apesar de negar com veemência, é visto como pré-candidato à presidência da República, em 2022.
Ainda de acordo com colunista, a intenção de Bolsonaro é colocar, na diretoria da PF, alguém afinado com o presidente da República.
Trajetória
Sergio Moro é considerado como o símbolo de combate à corrupção. Na Operação Lava Jato, desmontou um esquema de corrupção sem precedentes na história da República. Tido como herói nacional, o então juiz federal de Curitiba foi convidado a integrar o governo Bolsonaro, alçado ao poder empunhando a bandeira do combate à corrupção. Sofreu desgaste ao ter conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil.
O ex-juiz federal, em pesquisa do Datafolha divulgada em dezembro de 2019, se mostrou mais popular que o presidente. Na ocasião, 53% avaliavam a gestão dele à frente do Ministério da Justiça como ótima ou boa; por sua vez, Bolsonaro tinha 30% no mesmo quesito. Em função da notícia que abalou as estruturas do Palácio do Planalto, o dólar chegou a bater os R$ 5,50 na tarde desta quinta-feira (23).