Sartori, que ficou conhecido por ser o pioneiro das deepfakes no Brasil, afirmou que a publicação não tinha cunho político. A ideia foi de continuar o seu trabalho diário, que consiste em utilizar inteligência artificial para reproduzir as expressões, a voz de e a aparência de uma pessoa com fins satíricos.
Bruno, que também é influenciador digital, explica que já produzia esse tipo de conteúdo desde a época do governo do PT. E embora recebesse diversas críticas, jamais sofreu ameaças antes.
O que continha no vídeo do pioneiro das 'deepfakes'?
Na sua publicação, o autodeclarado “bruxo dos vídeos”, utilizou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ser um ferrenho defensor do uso da substância cloroquina para o combate ao coronavírus.
Mesmo sem nenhuma comprovação científica, Bolsonaro já criou e compartilhou vídeos defendendo a aplicação da droga nesse momento de pandemia.
Essa visão do presidente acabou se tornando uma batalha ideológica, com os seus apoiadores perseguindo e atacando várias personalidades que são contra a utilização indiscriminada da Cloroquina.
Por essa razão, Sartori decidiu criar um vídeo utilizando a música Florentina, do palhaço e deputado federal Tiririca (PL-SP), mesclando o rosto do presidente com o corpo e os trejeitos de Tiririca.
Durante 40 segundos, além da famosa música, o espectador consegue ouvir frases do presidente Bolsonaro defendendo o uso da Cloroquina.
No primeiro dia que lançou o vídeo, Sartori angariou mais de 15 mil seguidores na sua conta do Instagram – chegando a quase 300 mil seguidores na plataforma social.
Porém, a produção não agradou a todos.
Ameaçado
Mesmo que o intuito tenha sido de um vídeo cômico, a produção de Bruno Sartori desagradou apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à revista Veja, Sartori falou sobre a repercussão e as ameaças que vem sofrendo.
Ao ser questionado por que escolheu Bolsonaro como figura principal para o seu vídeo, ele respondeu que o presidente é a pessoa que mais se destaca neste momento por causa dos seus pensamentos ideológicos.
Sem uma presença marcante na mídia da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Bolsonaro acaba se tornando o mais polêmico do governo durante a pandemia.
Por fim, Bruno Sartori falou que uma milícia digital passou a persegui-lo logo após a publicação do vídeo.
Entre as mensagens de ataque, o jornalista destaca aquelas que ameaçam diretamente a sua família e outras que afirmam que ele irá pagar caro por ofender o presidente da República.
No entanto, mesmo temendo por sua integridade física, Sartori afirma que as ameaças não pararão o seu trabalho ou a criação de novas sátiras.