A atuação de robôs e perfis alugados ligados ao bolsonarismo sofreu uma forte queda no Twitter após a operação da Polícia Federal que investiga a disseminação de fake news e ameaças aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), informa levantamento da consultoria AP Exata.

De acordo com a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o levantamento mostrou que as publicações dos chamados perfis de interferência caíram de uma média de 14% para 10% no Twitter, onde já tiveram pico de 17%.

Ao que parece, segundo o levantamento, a ação do STF atingiu o sistema de disseminação de informações feitas artificialmente por meio desses perfis nas redes sociais ligados ao bolsonarismo.

Entretanto, a operação mobilizou influenciadores da base bolsonarista, como os filhos do presidente e deputados aliados. Eles vieram com um discurso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que está à frente do inquérito das fake news e determinou as buscas e apreensões.

A reação também veio do guru bolsonarista Olavo de Carvalho e do deputado Eduardo Bolsonaro, que realizaram uma live no YouTube. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o deputado afirmou que o STF vem interferindo no Executivo e que isso pode levar a uma insurgência por parte da população. Segundo ele, houve um "clamor popular" para o golpe de 1964.

A Consultoria AP Exata avalia que, se houver mesmo uma desmobilização dos perfis de interferência, os bolsonaristas poderão ter menos força nas redes sociais para impor suas narrativas.

Lista de alvos do STF tinha expoentes do bolsonarismo

A lista de alvos do ministro Alexandre Moraes no inquérito das fakes news tem integrantes bem conhecidos do bolsonarismo nas redes sociais e também militantes do presidente Jair Bolsonaro.

Todas estas pessoas são importantes nesta investigação, visto que, segundo informações da Folha de S.Paulo, existe uma corrente de transmissão que se inicia dentro do Palácio do Planalto e é filtrada para base bolsonarista, e que dissemina ataques, comentários, memes e notícias que não relatam exatamente a verdade.

Apesar disso, a lista não tem uma justificativa explícita, uma vez que o mandado de busca e apreensão expedido por Alexandre de Moraes não traz detalhes que justifiquem a ação da Polícia Federal.

Bolsonaristas

Na lista da Polícia Federal, estão alguns nomes bem conhecidos do bolsonarismo, entre eles Allan dos Santos, apresentador do Canal Terça Livre, ligado ao vereador Carlos Bolsonaro, visto como um possível líder informal das redes do bolsonarismo.

Bernardo Kuster, youtuber católico, crítico do papa Francisco e à frente do jornal online Brasil Sem Medo, ligado a Olavo de Carvalho.

Edson Salomão, chefe de gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), bem atuante em manifestação pró- Bolsonaro, visto que ele é o presidente nacional do Movimento Conservador. Supostamente, Douglas é o chefe do gabinete do ódio em São Paulo.

Outros nomes são o do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, que chegou a ser acusado por financiar disparos de WhatsApp contra o PT na campanha de 2018, Marcos Bellizia, Otávio Oscar Fakhoury e Roberto Jefferson.

Bolsonaro manda recado ao Supremo

O presidente Jair Bolsonaro reagiu à operação determinada pelo Supremo Tribunal Federal, que mirou alguns dos seus aliados, no inquérito das fakes news.

Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro fez uma declaração transmitida pela rede CNN Brasil.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou as investigações e disparou queixas contra o Supremo. "Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de fake news", disse.