Antigo aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus filhos, o empresário Paulo Marinho (PSDB) deu em depoimento novos contornos à investigação do STF (Supremo Tribunal Federal), que apura se houve interferência do líder do poder Executivo na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

O suplente do senador Flávio Bolsonaro, em entrevista à Folha de S.Paulo, concedida no domingo (17), afirmou que o filho 01 do presidente Bolsonaro o procurou depois do segundo turno das eleições para presidente em 2018 e disse que teve informações prévias sobre a Operação Furna da Onça, da PF.

A operação tinha como objetivo investigar as práticas ilegais de deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), que incluiria o então deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro.

Amigo

Paulo Marinho tinha um relacionamento íntimo com o clã Bolsonaro durante o período da campanha presidencial. Ele chegou até a ceder sua casa para estabelecer um quartel-general para o então candidato Jair Bolsonaro.

No relato de Marinho, ele afirma que Flávio Bolsonaro afirmou que a Polícia Federal adiou o início da operação para depois do período eleitoral para que não fosse prejudicada a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência e a candidatura do próprio Flávio para o Senado.

O filho mais velho do presidente da República, de acordo com Marinho, ainda teria afirmado que ficou sabendo que a investigação iria atingir também Fabrício Queiroz, funcionário de seu gabinete, e que também já havia trabalhado no gabinete de Jair Bolsonaro na época que era deputado federal.

As declarações de Paulo Marinho revelam agora um novo leque de informações no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal. Até então, o foco das investigações estava concentrado no ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que abandonou o Governo acusando o presidente.

O ex-juiz da operação Lava-Jato também está sendo investigado no mesmo inquérito aberto no STF.

Ele já prestou depoimento e afirmou que Jair Bolsonaro teria afirmado, em uma reunião com seus ministros, que queria somente uma das 27 superintendências da PF, a do Rio de Janeiro.

Depois que foi exposto o possível vazamento da Operação Furna da Onça ao filho do presidente Bolsonaro antes das eleições presidenciais de 2018, a PF declarou que irá investigar o caso, segundo comunicado oficial da corporação.

PSOL

Muitos deputados federais da oposição, principalmente os parlamentares do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), manifestaram o desejo de que Marinho preste depoimento ao STF.

Os parlamentares da oposição entraram com uma representação no Supremo pedindo que Flávio Bolsonaro e Paulo Marinho sejam ouvidos no inquérito conduzido pelo Supremo que investiga a suposta tentativa de Jair Bolsonaro de interferir na Polícia Federal.