As suspeitas que pairam sobre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), de estar no comando de um suposto esquema para cometer fraudes nas contratações emergenciais para combater a pandemia do novo coronavírus causou uma situação inusitada: a união de parlamentares apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido), notório inimigo político de Witzel, e parlamentares do partido de esquerda PSOL, que faz oposição tanto a Witzel quanto a Bolsonaro.
Impeachment
Witzel vive momentos tensos, pois existe a possibilidade de ser aberto contra ele um processo de impeachment na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
O governador teve sua imagem abalada por conta das operações policiais ocorridas contra ele.
Desta maneira, sua base de apoio se diluiu e causou a improvável união entre parlamentares do PSOL e a base bolsonarista, juntos em um mesmo objetivo: o desgaste do líder do Executivo carioca, usando para isso um processo de impeachment e fazer pressão para que o governador reduza os poderes de Lucas Tristão, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Tristão foi citado nas investigações que estão em curso contra o governador.
Seis pedidos
Até o momento este é o número de pedidos de impeachment que foram protocolados por parlamentares de diversos partidos. Desta maneira, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), se encontra sob pressão para admitir o andamento de um desses pedidos em breve.
Apesar de o discurso oficial do presidente da Alerj ser o de que se deve priorizar no momento o combate à covid-19, o que se comenta é que dos textos encaminhados pelos parlamentares pela saída de Witzel, deverá ser protocolado, em breve, um documento unificado pela saída do governador do Rio.
No último sábado (30), Witzel sofreu novas derrotas, os aliados do governador na Alerj, os parlamentares do PSC, Márcio Pacheco e Léo Vieira deixaram os postos depois da troca de figuras do primeiro escalão do secretariado de Wilson Witzel.
Bolsonaristas conversam com o PSOL
A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, a deputada psolista Renata Souza defende a abertura de impeachment do governador e faz críticas aos "super-poderes" que foram dados a Tristão. A deputada afirmou que até mesmo parlamentares da base de Witzel, estão pedindo para sair do Governo.
Eles estariam percebendo que, na verdade, quem exerce o cargo de governador é Lucas Tristão, que teria envolvimento em todas as denúncias de Corrupção que pairam sobre o mandato de Witzel, disse Renata Souza.
A deputada do PSOL disse que não vê problema em conversar com parlamentares da base bolsonarista pelo pedido da saída de Witzel. Ela afirmou que o partido não corrobora com os bolsonaristas nos métodos e na política, porém, as denúncias contra o governador são muito graves, em sua opinião, ele não tem mostrado competência no cargo, sendo assim, não haveria outra opção.
No lado bolsonarista, o deputado Filippe Poubel (PSL) adota um discurso mais belicoso ao se pronunciar sobre Witzel e admite a conversa com o PSOL pela redação de um documento unificado que embase o processo de impeachment.
Poubel argumentou que o PSL na Alerj já havia se afastado do governador e de Tristão desde que Witzel, nas palavras de Filippe Poubel, traiu Jair Bolsonaro. Ele afirmou que o PSL irá dialogar com o PSOL e que neste momento não importa as correntes políticas, pois vidas estão em jogo e pessoas estão morrendo por causa da Covid-19.