Segundo informações do âncora da CNN Daniel Adjuto, o vídeo da reunião ministerial que foi realizada no dia 23 de abril de 2020 mostraria que o presidente Jair Bolsonaro defendeu trocas da Polícia Federal do Rio de Janeiro para que familiares e amigos não fossem prejudicados. A intenção seria proteger sua família contra uma suposta perseguição política.
De acordo com a CNN Brasil, duas fontes que tiveram acesso ao vídeo que foi assistido na Superintendência da Polícia Federal, nesta terça-feira (12), disseram que a gravação complicaria a situação de Bolsonaro.
A defesa de Sergio Moro relata que o conteúdo confirma integralmente as declarações do ex-ministro da Justiça.
O advogado Rodrigo Sánchez Rio, que está na defesa de Moro, declarou que é preciso que o vídeo seja divulgado na íntegra, pois, trata de um assunto de interesse público.
Esta semana será decisiva para o presidente Jair Bolsonaro, uma vez que a Procuradoria Geral da República (PGR) concluirá se irá denunciar o presidente por corrupção passiva privilegiada, obstrução de Justiça e advocacia administrativa pela suposta tentativa de interferir na autonomia da Polícia Federal.
A denúncia ocorreu quando o ex-ministro Sergio Moro anunciou sua saída do Governo Bolsonaro. Caso o procurador-geral da República, Augusto Aras, denuncie formalmente o presidente, a Câmara dos Deputados decidirá numa votação em plenário, se autoriza ou não a abertura da ação penal.
O seu prosseguimento no Supremo Tribunal Federal dependerá dos votos de dois terços dos deputados federais.
Namoro de Bolsonaro com Centrão
Com inquéritos no STF, acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro e pedidos de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro pode ver o seu mandato interrompido, contudo, segundo informações do site Agência Pública, ele teve que recorrer uma prática muito comum quando o chefe do executivo busca se manter no cargo, ou para conseguir aprovação de projetos de interesses do governo.
Porém, Bolsonaro foi eleito prometendo não fazer o toma lá da cá, e acabar com a prática no seu governo.
Nas eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro prometia para seus eleitores que era contra a "velha política" e que no seu governo, algumas práticas políticas não seriam adotadas. O chamado toma lá da cá onde cargos são negociados em troca de apoio político dentro do Congresso Nacional.
Articulação de Bolsonaro com Centrão
Assim como o ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro foi atrás do Centrão para evitar sua saída do governo. Para garantir a governabilidade, Jair Bolsonaro iniciou aproximação com legendas ligadas ao Centrão, um grupo que reuni partidos considerados fisiológicos.
A manobra é a mesma feita por outros presidentes, membros do executivo e inclusive os militares estão dando o respaldo para articulação. Segundo a justificativa do vice-presidente Hamilton Mourão, o foco do governo era dialogar com a bancada evangélica e da bala, no entanto, com a pandemia o presidente teve que lidar com diferentes legendas.
Valeixo declara que Bolsonaro queria alguém com mais afinidade
Nesta segunda-feira (11), Marcelo Valeixo afirmou em seu depoimento na Polícia Federal que Jair Bolsonaro queria alguém com maior afinidade para comandar a corporação. Valeixo também mencionou que Bolsonaro telefonou para ele para informar que a exoneração dele seria feita com a menção "a pedido".
Quando é publicado como "a pedido" indica que a pessoa que pediu para deixar o cargo. Quando a palavra não é usada, indica que foi demitido, ele também afirmou que a exoneração publicada "a pedido" foi assinada por Bolsonaro e Moro.
No entanto, o próprio Sergio Moro havia declarado que não assinou a exoneração de Valeixo e também não recebeu o pedido de exoneração. O episódio levou Sergio Moro a sair do governo e levou à abertura do inquérito.