De acordo com a Folha de S.Paulo, Paula Amorim foi nomeada no último dia 15 de junho chefe do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde em Pernambuco. O atual ministro interino, general Eduardo Pazuello [VIDEO], baseou-se na sua relação de amizade e confiança com a amiga para escolhê-la como gestora da pasta.

Embora não possua experiência prévia nem na área da saúde e nem em cargos de gestão, Paula Amorim receberá um salário em torno de R$ 10 mil em sua nova função. A assessoria de Pazuello declarou que ambos são amigos “há cerca de 30 anos”, o que aparentemente justifica a substituição da enfermeira Kamila Correia, que ocupou o posto por quase três anos, antes da nova representante assumir.

Experiência profissional

Poucos detalhes foram divulgados sobre a vida profissional da amiga do ministro. Segundo ela, foi "assessora de um governador", cujo nome não mencionou, e informou que é administradora de empresas. Afirmou também, em entrevista à Folha, que não estava trabalhando quando recebeu a proposta para gerir a pasta.

O Núcleo Estadual do Ministério da Saúde é fundamental para o combate à pandemia da Covid-19. A sua função é coordenar esforços com secretarias municipais e estaduais do setor. E agora é liderado por uma gestora que não possui o mínimo de conhecimento de saúde pública.

Segundo relatos colhidos pela Folha, a chegada da nova chefe gerou contrariedade entre os servidores do órgão.

A sua falta de familiaridade com os assuntos da área pode acarretar entraves decisórios em um momento delicado como este que o Brasil enfrenta.

Mas até o momento, de acordo com o ministério, eventuais problemas que surgirem no início da nova gerência, serão decorrentes do período de transição na coordenação e não da nova coordenadora em questão.

A militarização do ministério

Em meio à pandemia, a saúde brasileira já foi chefiada por três ministros. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich não permaneceram devido às divergências com o presidente Jair Bolsonaro na tomada de decisões em relação ao combate à pandemia.

O general Pazuello, no entanto, ocupará a cadeira “por um bom tempo”, segundo Bolsonaro.

Sem dúvida a sua estadia no Governo será duradoura, uma vez que o presidente não terá as suas decisões contrariadas pelo então ministro.

Desde o mês de maio deste ano, o ministério vem sendo ocupado por militares em alguns cargos estratégicos. Em sua pasta, Pazuello já ocupou mais de 20 postos com militares da ativa e da reserva. A estimativa é de que 40 ainda sejam preenchidos pela classe.

Além da ação supracitada, o governo tem adotado diretrizes polêmicas, dignas de diversas críticas ao general. Dentre elas, a promoção da hidroxicloroquina, cuja eficácia não foi comprovada no tratamento da Covid-19, e a tentativa de modificar os critérios de divulgação de dados da epidemia.