O cientista suíço Didier Pittet, um dos maiores e melhores epidemiologistas da Europa e colaborador ativo da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi escolhido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para realizar uma avaliação do país no combate e na situação atual diante da pandemia do novo coronavírus. Didier relatou durante suas avaliações que a postura do Governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento à pandemia deve ser avaliado, sugerindo a abertura de um inquérito.

Risco Mundial

De acordo com o cientista suíço, Brasil, Estados Unidos e México representam hoje um grande risco para a população mundial, principalmente aos países que estão avançados em relação ao controle da propagação do coronavírus.

Didier foi escolhido por Macron devido a seu currículo surpreendente na área de saúde, atuante como conselheiro da OMS, ele é reconhecido como autoridade em higiene pública mundial. O cientista também lidera o Hospital de Genebra na Suíça e é um dos responsáveis pela democratização do uso de gel na higiene manual.

A avaliação do epidemiologista tem como objetivo principal avaliar a reação de Paris durante o combate à pandemia, realizando um comparativo de como governantes de outras nações agiram durante a crise. Baseado neste tipo de estudo, Didier afirma que os países que não estão em uma situação confortável durante a crise e com casos de contaminação descontrolados são um risco eminente, e que devido a isso as recomendações são que a população de países estabilizados não viajem para essas regiões evitando a importação do coronavírus.

Brasil

Presente no ranking mundial como um dos três países com maior número de mortes por coronavírus, o Brasil foi criticado pelo cientista, que afirma que todos estão decepcionados com a postura e ações do presidente Jair Bolsonaro. Ele diz ainda que as atitudes de Bolsonaro são uma forma de tentar minimizar ou negar a real gravidade e emergência em que o Brasil se enquadra ao ultrapassar a marca de 90 mil mortes.

Estados Unidos

Além do presidente Jair Bolsonaro, o líder norte-americano Donald Trump também foi mencionado pelo especialista. Ao lembrar que o número de mortes nos Estados Unidos atingiu um patamar extremamente alto, Didier diz que o presidente se comporta de uma maneira completamente errada em meio à crise sanitária.

Ainda de acordo com Didier, o grande problema na gestão da crise durante a pandemia por parte de tais governos é o fato de que ambos, Trump e Bolsonaro, optaram por prezar a economia acima das questões sanitárias.

Para que a economia e as vidas fossem preservadas, os chefes do Executivo deveriam ter aplicado com urgência um período de quarentena, porém, mesmo com os alertas que os países receberam sobre o resultado da falta de confinamento, eles mantiveram suas posturas, afirmou.

Para o especialista, a recuperação da pandemia nos Estados Unidos será bastante lenta, e os cientistas americanos já haviam informado Trump dos resultados, porém ele preferiu não ouvir.

Inquérito

Didier Pittet defende a abertura de um inquérito e que seja realizada uma boa avaliação em torno dos casos, pois de acordo com ele, um confinamento bem feito, mesmo que por um curto período, teria evitado a tragédia em números de mortes.

O especialista cita Brasil e Estados Unidos como duas nações que infelizmente deixaram as questões políticas afetarem negativamente as ações de contenção da pandemia, e quando essas ações são negadas e realizadas tardiamente, a recuperação é algo bastante difícil.