Luiz Henrique Mandetta foi criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por sua postura no combate à pandemia do novo coronavírus enquanto liderava o Ministério da Saúde. Bolsonaro associou a sua gestão a uma "desgraça", enquanto defendia o trabalho do ministro interino Eduardo Pazuello.
Mandetta rebateu as críticas do presidente, defendo sua gestão e afirmando que nem Jair Bolsonaro e nem seus ministros são aptos para discutir esta questão. O ex-ministro ainda afirmou que é preferível que pessoas contaminadas com covid-19 que apresentem quadros leves da doença fiquem em suas casas, do que procurar ajuda médica onde serão tratados com hidroxicloroquina.
Ex-ministro Mandetta
Mandetta esteve à frente do comando da pasta de Saúde desde o início da pandemia de coronavírus, encerrando sua gestão no mês de abril deste ano, quando foi demitido do cargo por apresentar metodologias e solução divergentes de Jair Bolsonaro.
Durante a gestão, o ex-ministro já orientava pessoas assintomáticas ou com quadros leves da doença a realizarem o tratamento em casa. A ação tinha como objetivo evitar um colapso no sistema de saúde e um risco maior de contaminação, uma vez que pessoas saudáveis poderiam ser contaminadas no ambiente hospitalar.
De acordo com Mandetta, o protocolo estabelecido não foi algo criado por ele, e sim embasado por recomendações dos maiores pesquisadores do mundo.
O ex-ministro concedeu uma entrevista à Reuters onde afirmou que prefere o plano anterior realizado por sua gestão, do que mandar as pessoas para hospitais, correr riscos e tentar vender a cloroquina.
Eduardo Pazuello
O novo comando da pasta de saúde, dirigido pelo general Eduardo Pazuello, alterou as recomendações feitas por Mandetta e passou a orientar a população a buscar ajuda médica imediata mesmo que apresentem apenas a suspeita de contaminação por covid-19.
A explicação de Pazuello é que as recomendações anteriores resultaram em muitas mortes, pois a falta de atendimento médico precoce resultava em pessoas que já apresentavam quadros muito graves da doença.
Com as modificações do Ministério da Saúde, o uso de cloroquina e hidroxicloroquina também passou a ser recomendado para o tratamento em casos de contaminação de coronavírus mesmo sem comprovação científica e contra as orientações dos maiores órgãos de saúde do mundo.
A decisão foi vista não como uma ação eficaz, e sim uma forma de Eduardo Pazuello acatar o pedido do presidente Jair Bolsonaro, que defende fielmente o uso da medicação, inclusive tem declarado após ter sido contaminado com o coronavírus, que foi a cloroquina que salvou a sua vida.