O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e o ex-juiz Sergio Moro discutiram através das mídias sociais após Moro atacar, na última segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ele não ter iniciado ainda a imunização dos brasileiros contra o coronavírus.
Vários países já estão vacinando suas nações, sendo 25 dos 27 países da união Europeia além dos Estados Unidos, China, Canadá, Rússia, Chile entre outros. Foi anunciado também na segunda (28) que mais três países iriam iniciar a imunização.
O Brasil já assinou um termo de contrato para adquirir doses da vacina que vêm sendo produzida pela AstraZeneca e da Universidade de Oxford (produção pela Fundação Oswaldo Cruz), mas não conseguiu ainda a aprovação do produto para iniciar a imunização.
Nas redes sociais, Moro criticou a demora da vacina e questionou se havia presidente em Brasília.
Vários países, inclusive da América Latina, já estão vacinando seus nacionais contra a COVID-19. Onde está a vacina para os brasileiros? Tem previsão? Tem Presidente em Brasília? Quantas vítimas temos que ter para o Governo abandonar o seu negacionismo?
— Sergio Moro (@SF_Moro) December 28, 2020
André Mendonça rebate Moro e faz questionamentos
Após as críticas, André Mendonça fez questão de defender Bolsonaro e fez uma publicação criticando Moro por sua atuação quando estava à frente da pasta e ainda marcou o magistrado. Mendonça questionou a Moro se alguém que não possui legitimidade poderia cobrar algo, e afirmou que ele se doou pouco na área de atuação, na Segurança.
Vi que @SF_Moro perguntou se havia presidente em Brasília?
Alguém que manchou sua biografia tem legitimidade para cobrar algo?
Alguém de quem tanto se esperava e entregou tão pouco na área da Segurança? (segue...)
— André Mendonça (@AmendoncaMJSP) December 28, 2020
Em seguida o atual ministro da Segurança questionou o ex-ministro o porquê da polícia brasileira conseguir retirar de circulação mais drogas e recursos que foram desviados em menos tempo do que na gestão presidida por Moro.
Quer cobrança? Por que em 06 meses apreendemos mais drogas e mais recursos desviados da corrupção que em 16 meses de sua gestão?
— André Mendonça (@AmendoncaMJSP) December 28, 2020
Moro então rebateu Mendonça ao dizer que o ministro não teve autonomia alguma para indicar o diretor da Polícia Federal e nem para defender o assunto sobre a condenação em segunda instância.
Moro ressaltou que depois que Mendonça fizer tais mudanças, que aí sim voltariam a se falar.
Ministro, o senhor nem teve autonomia de escolher o Diretor da PF ou de defender a execução da pena da condenação em segunda instância (mudou de ideia?), então me desculpe, menos. Faça isso e daí conversamos. https://t.co/cbV3gnICK1
— Sergio Moro (@SF_Moro) December 28, 2020
Em resposta a Moro, Mendonça afirmou que ele defendeu a execução de pena a partir da condenação em segunda instância, da Tribuna do Supremo. Ele também disse que Rolando Alexandro era o seu Diretor da polícia federal, e alfinetou Moro ao dizer que a gestão de Rolando tinha melhores resultados que a anterior a ele.
1. Defendi da Tribuna do STF a execução da pena a partir da condenação em 2ª instância. 2. Rolando Alexandre é o meu Diretor da PF, até porque sua gestão tem resultados muito melhores que a anterior. (segue...) https://t.co/BRGqb5iaaD
— André Mendonça (@AmendoncaMJSP) December 29, 2020
Moro acusa Bolsonaro de interferência na PF
Moro foi uma das maiores promessas de Bolsonaro durante as campanhas eleitorais de 2018 e cumpriu ao nomeá-lo como ministro da pasta de Segurança Pública. Mas, logo depois, Moro e Bolsonaro tiveram um desentendimento por conta da troca de Diretor-geral da Polícia Federal.
Sergio Moro então decidiu deixar o cargo e ainda acusou o presidente de interferir na gerência da PF.
O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público que abriram um inquérito para investigar tais acusações. Desde o começo das investigações, Bolsonaro nega a acusação feita por Moro.