O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) está sendo cobrado tanto nas redes sociais quanto pela oposição a tomar uma decisão mais drástica sobre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), como abrir um processo de impeachment contra o mandatário.

Diante das críticas, Maia segue repetindo a aliados que o futuro político do Governo federal irá depender de quem o substituir na presidência da Câmara. A eleição será no dia 1º de fevereiro.

Por esta razão, Maia argumenta nos bastidores que a presidência da casa legislativa não pode ser um “puxadinho” do Palácio do Planalto.

Rodrigo Maia quer que o parlamentar Baleia Rossi (MDB-SP) seja escolhido o próximo presidente da Câmara. Rossi tem como concorrente o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que seja apoiado por Rodrigo Maia, Baleia Rossi pertence ao MDB, sigla que tem um bom relacionamento com o presidente da República. Porém, quando é cobrado por aliados, Rodrigo Maia afirma que Baleia Rossi será independente.

O próprio Baleia, em uma conversa com a oposição buscando apoio à sua candidatura, afirmou quando foi perguntado sobre pedidos de impeachment e CPIs que não iria deixar de tomar nenhuma decisão que não estivesse de acordo com a Constituição Federal.

Partidos aliados e também da oposição, membros do Judiciário e empresários têm dito a Maia que estão preocupados com a omissão do governo federal na gestão da pandemia do novo coronavírus, em medidas como o calendário de vacinação, e que a situação piorou com o caos que se instalou em Manaus.

Notas de repúdio

Todos esses atores políticos cobram de Rodrigo Maia mais que “notas de repúdio”. Partidos da oposição cobram, por exemplo, que seja aberto um processo de impeachment.

Maia responde a esse questionamento dizendo que não depende dele o impedimento do presidente da República e que mesmo que ele abrisse agora um processo de impeachment, não seria ele quem iria levar adiante o processo, isto seria feito pelo próximo presidente da Câmara, pois o Congresso está em período de recesso, sendo assim, qualquer discussão sobre o tema depende da eleição do próximo presidente da Câmara.

Trump

Como justificativa para a não abertura de um impeachment contra Bolsonaro, Maia cita o caso do presidente norte-americano Donald Trump. Rodrigo Maia afirmou que abrir um processo de impeachment contra o republicano acabou por fortalecê-lo.

O atual presidente da Câmara afirmou ainda que uma possível discussão sobre a situação política do ocupante do Palácio da Alvorada depende de haver um consenso entre os partidos, não somente os partidos da oposição, também os partidos do centro e ainda das manifestações populares demonstrando insatisfação com a atuação de Bolsonaro na gestão da crise sanitária.

Palácio do Planalto

O governo federal está atento ao ambiente político e, ainda que acredite que não haverá um processo de impeachment, está ciente das discussões nos bastidores e entende que a imagem do governo saiu arranhada com a situação caótica em Manaus.

Assessores de Bolsonaro têm mantido contato com integrantes do Judiciário, e até mesmo como Rodrigo Maia, para monitorar a situação. A principal cobrança que o Planalto está sofrendo é sobre a indefinição de uma política clara em relação à vacinação, além da resolução da crise sanitária em Manaus.

O Planalto avalia que se não for data uma solução em curto prazo da situação no Amazonas, há o risco de a insatisfação popular atingir outros estados, como os estados das regiões Sul e Sudeste.

Um indicativo disto foram os panelaços ocorridos nos últimos dias e também há o medo de ocorrerem manifestações na Avenida Paulista, com isto, a imagem de Bolsonaro iria se desgastar em um ano pré-eleitoral.