O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) classificou seu vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), como "palpiteiro" ao se mostrar irritado com a declaração do vice sobre a possível demissão do chanceler Ernesto Araújo em uma vindoura reforma ministerial a ser realizada depois das eleições do Congresso Nacional.

A insatisfação com o general foi manifestada na última quinta-feira (28), um dia após Mourão manifestar sua Opinião sobre Ernesto Araújo, o ministro das Relações Exteriores, seguidor do escritor Olavo de Carvalho.

Mais cedo, ainda na quinta-feira, o site O Antagonista havia revelado trechos de uma conversa pelo aplicativo de mensagens WhatsApp em que Ricardo Roesch, chefe da assessoria parlamentar da Vice-Presidência da República, teria procurado o chefe de gabinete de um deputado federal para discutir sobre um eventual impeachment de Jair Bolsonaro.

Hamilton Mourão afirmou que não autorizou a articulação e anunciou a demissão do assessor.

Jair Bolsonaro

O ocupante do Palácio da Alvorada afirmou que o que menos se precisa é de "um palpiteiro" sobre seu ministério. Bolsonaro afirmou ser ele quem escolhe todos os seus 23 ministros, e mais nenhuma outra pessoa. O mandatário ainda disse que, caso alguém queira escolher um ministro, que essa pessoa se lance candidato em 2022 e que tenha boa sorte no ano seguinte.

Interino

Segundo Bolsonaro, a única troca de ministro que está prevista é na Secretaria-Geral da Presidência. A pasta atualmente está sendo comandada interinamente por Pedro César Nunes Ferreira Marques de Souza, que está na Secretaria desde a saída de Jorge Oliveira, que abandonou o cargo em dezembro para assumir uma colocação no Tribunal de Contas da União (TCU).

Bolsonaro continuou suas reclamações dizendo que seu vice afirmou que ele teria intenção de trocar o chefe do Itamaraty, então Bolsonaro afirmou que queria deixar muita clara a situação, que possui 22 ministros efetivos e um interino.

O presidente ainda afirmou que toda semana a mídia informa que irão acontecer trocas de ministros, o que, nas palavras do mandatário, seria uma tentativa de causar discórdia no Governo federal.

O líder do Executivo então lamentou que pessoas de dentro do próprio governo estejam dando palpites sobre a troca de ministros.

A declaração de Mourão dizendo que Ernesto Araújo poderia ser exonerado foi feita em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, na última quarta-feira (27). Contudo, o tema da saída de Araújo é algo que está sendo debatido dentro do próprio governo, na chancelaria e ainda no Centrão. Ernesto Araújo é um membro da chamada área ideológica do governo, por esta razão ele desagrada a militares, empresários e ruralistas.