A Justiça do Rio de Janeiro decidiu na sexta-feira (8) acolher um pedido da defesa do primogênito do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Flávio pedia que fosse transferida a investigação sobre o suposto crime de desobediência de decisão judicial, que teria sido cometido pelos apresentadores do Jornal Nacional da Rede Globo, William Bonner e Renata Vasconcellos.

Os âncoras do telejornal estão sendo investigados pela divulgação de informações sobre o Caso Queiroz, em que Flávio Bolsonaro estaria envolvido.

A investigação estava sendo conduzida pela 39° Vara Criminal, porém o juiz Ricardo Coronha Pinheiro declarou-se incompetente para julgar o caso e ordenou que o processo fosse transferido para o 4° Jecrim (Juizado Especial Criminal), Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.

O juiz argumentou que o suposto crime cometido por Renata e William representa violação do artigo 359 do Código Penal brasileiro.

Os jornalistas estão sendo investigados porque o senador Flávio Bolsonaro conseguiu que a Rede Globo fosse proibida de transmitir informações sob segredo de Justiça do Caso Queiroz, que investiga um suposto desvio de verbas públicas que teria ocorrido no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Nesta época, Fabrício Queiroz, amigo do presidente Bolsonaro, trabalhava como assessor parlamentar de Flávio.

No começo de dezembro, William Bonner e Renata Vasconcellos já haviam sido intimados pela Polícia Civil para prestarem depoimento na DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática).

A razão da intimação foi a atitude do Jornal Nacional de voltar a exibir os detalhes da investigação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre o Caso Queiroz mesmo depois de uma decisão judicial favorável a Flávio Bolsonaro.

O caso

O filho 01 de Jair Messias Bolsonaro está sendo acusado pelo MP-RJ de lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato em um suposto esquema do qual seu ex-assessor Fabrício Queiroz também estaria envolvido.

Queiroz foi demitido em 2018, assim que surgiram os primeiros indícios de irregularidades no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

Queiroz é apontado como o operador de um esquema em que os funcionários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro tinham que devolver parte de seus pagamentos.

Foi apresentada no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro uma denúncia contra Flávio e Queiroz e outros 15 investigados. Se a denúncia for aceita, eles irão se tornar réus.

O MP-RJ afirma que Flávio Bolsonaro é o líder do esquema por, de acordo com o MP-RJ, ter se beneficiado através de lavagem de dinheiro em negócios imobiliários e também de pagamentos de boletos da família por Fabrício Queiroz.

A defesa de Flávio afirmou na época em que a denúncia foi distribuída que o documento não continha provas e se tratava de uma "crônica macabra". Desde que o caso se tornou público Flávio afirma ser inocente.