O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) pediu a prisão preventiva do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), após a suspeita de que um grupo de pessoas recebeu a primeira dose da vacina contra o coronavírus de forma indevida.

O MP-AM apresentou o caso na última segunda-feira (25) ao Tribunal de Justiça do Amazonas, que alegou não ter competência para julgar o caso e o enviou ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Dez pessoas foram nomeadas pelo prefeito

As suspeitas começaram após a recente contratação por parte do município de uma junta de médicos para atuar na área de elaboração de projetos.

Ao todo foram 10 pessoas nomeadas pelo próprio prefeito e que vão receber um salário de R$ 9 mil cada. Mas, para os investigadores, tudo foi feito apenas para beneficiar estas pessoas que, segundo o Ministério Público, têm elos políticos e financeiros com o prefeito de Manaus.

Dentre as pessoas que foram nomeadas por Almeida estão as filhas do empresário Nilton Lins, as gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins. Elas inclusive postaram nas redes sociais fotos recebendo a dose do imunizante.

A publicação gerou uma grande repercussão na internet, então elas rebateram alegando que receberam o remédio por estarem trabalhando diretamente com pacientes contaminados pelo coronavírus na Unidade Básica de Saúde que recebeu o nome do empresário Nilton Lins.

Nomeações ocorreram no início da vacinação

Outro fato que fez o MP-AM pedir a prisão do prefeito de Manaus foi que estas pessoas começaram a trabalhar justo na época em que foi anunciado o início das vacinações no Brasil.

Além destas pessoas, outros funcionários públicos que trabalham em outras áreas, como secretários e empresários, supostamente receberam indevidamente a primeira dose do imunizante.

No entendimento do MP, que foi quem apresentou a ação, estes atos caracterizam a prática de peculato (desvio de dinheiro público).

Em nota, Almeida disse estar "profundamente indignado" com a atuação do Ministério Público, considerada por ele como "ilegal e arbitrária".

O prefeito disse também que vai recorrer e processar as pessoas que estão o acusando de peculato, pois, segundo ele, não houve nenhum ato ilícito de sua parte.

Almeida disse também que tudo vai terminar bem, porque confia plenamente na Justiça do estado para esclarecer os fatos e provar sua inocência.

Recentemente, Manaus passou por uma crise sanitária por falta de insumos hospitalares que estavam sendo usados para tratar os infectados por coronavírus.

O oxigênio que serve como suporte para ajudar os pacientes que são entubados devido ao agravamento da doença faltou e muitos que dependiam do gás acabaram morrendo.

A situação repercutiu e agora o Ministério Público quer descobrir o que realmente aconteceu e se houve alguma responsabilidade por parte dos governos municipais, estadual ou federal que contribuíram para que a falta de insumos chegassem a esse ponto.