Os últimos dias do mês de janeiro tiveram várias farpas trocadas entre o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB). No fogo amigo teve desde indiretas até críticas públicas entre as duas figuras mais importantes do Executivo. Mesmo com o vice-presidente garantindo lealdade ao mandatário, o clima não está nada bom entre os dois.

Na última quinta-feira (28), Jair Bolsonaro desautorizou publicamente o vice de comentar sobre uma possível reforma ministerial. As mudanças entre os principais cargos do Governo federal estão sendo debatidas por conta do interesse do Palácio do Planalto de se envolver nas eleições dos presidentes da Câmara dos Deputados e também do Senado.

O governo estaria oferecendo cargos para as siglas do chamado “Centrão” em troca de apoio para os candidatos de Jair Bolsonaro.

Mourão 2022

Quando questionado por apoiadores sobre uma possível troca no comando do Ministério das Relações Exteriores, pasta comandada pelo olavista Ernesto Araújo, Bolsonaro disse que se alguém pretende escolher ministro, que essa pessoa saia candidato em 2022 e que tenha “boa sorte” em 2023. No dia anterior à fala do presidente, o vice havia sido entrevistado na Rádio Bandeirantes e disse que existem debates para uma reformulação dentro do governo federal e que é possível que Ernesto Araújo seja substituído.

Pouco antes, o ocupante do Palácio da Alvorada havia sido mais direto ainda e acusou Mourão de ser um “palpiteiro” e o que menos se precisa é de gente do próprio governo opinando na formação de seu ministério, e o general Hamilton Mourão preferiu não comentar a declaração do presidente.

Impeachment

Na sexta-feira (29) foi publicada no Diário Oficial da União a exoneração do assessor de Hamilton Mourão, Ricardo Roesch, que enviou mensagem a parlamentares comentando sobre um possível impeachment do presidente Bolsonaro.

Como foi mostrado no site O Antagonista, Roesch enviou mensagens afirmando que era bom já ir se preparando para uma possível retirada do cargo de Jair Bolsonaro e que o vice Hamilton Mourão teria dividido a ala militar.

Roesch afirmou ainda que se antes o general Augusto Heleno era quem liderava o setor militar dentro do governo, agora as Forças Armadas estão divididas, pois Bolsonaro está cometendo muitos erros na gestão da pandemia do novo coronavírus, e que Mourão é mais bem preparado e aliado ao fato de ser mais político que Bolsonaro, disse o assessor em trecho da mensagem que o site obteve.

Mourão confirmou que Ricardo Roesch teve a conversa e classificou o episódio como “lamentável”, Roesch afirmou que não foi o autor da mensagem, ele alegou que seu celular foi hackeado.

'Há algo de podre no reino da Dinamarca'

Como foi noticiado no blog da jornalista Andréia Sadi, o “clima de conspiração” está no ar, a relação entre Mourão e Bolsonaro não está nada bem por conta da sombra de uma possível construção de um processo de impeachment. Segundo Sadi, Bolsonaro não deseja ter Mourão como companheiro de chapa em 2022 e Mourão por sua vez passou a declarar sua irritação por não ter um papel mais ativo no governo.