O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) é o novo presidente da Câmara dos Deputados. O parlamentar foi eleito nesta segunda-feira (1°) e ficará no comando da Câmara por dois anos, até o ano de 2023. O novo presidente da Casa Legislativa teve 302 votos, mais que o dobro que o segundo colocado, Baleia Rossi (MDB-SP), que recebeu 145 votos. A eleição foi resolvida já no primeiro turno.
Arthur Lira é o líder dos partidos do Centrão, o grupo de legendas que está na base aliada do Governo federal na Câmara dos Deputados. Lira recebeu o apoio do Palácio do Planalto.
O resultado significa uma vitória política para o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que estava empenhado em buscar um aliado no comando da Câmara.
Além da definição das pautas que serão votadas no plenário, o presidente da Câmara dos Deputados tem a prerrogativa de decidir, monocraticamente, se abrirá ou não um processo de impeachment contra o presidente da República.
Além de Lira e Rossi, também estavam concorrendo à presidência da Câmara: Luiza Erundina (PSOL-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS), André Janones (Avante-MG), Kim Kataguiri (DEM-SP) e General Peternelli (PSL-SP). Todos esses tiveram votações inexpressivas.
O presidente da Câmara também é o segundo na linha de sucessão da presidência da República.
Em caso de o presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) estarem ausentes do país, quem ficará encarregado de comandar o Planalto será Arthur Lira.
Palácio do Planalto
Lira teve um apoio considerável por parte do governo federal. Adversários acusam o poder Executivo de conceder, em troca de votos para Lira, recursos adicionais para deputados aplicarem em suas bases eleitorais.
Bolsonaro também deu indícios de que poderia recriar ministérios para acomodar indicações das legendas que apoiaram Arthur Lira, um claro descumprimento de sua promessa de campanha em 2018 de que iria lutar por uma esplanada formada por 15 ministérios –atualmente são 23. Diante da repercussão negativa, Bolsonaro mudou de ideia e negou que iria recriar pastas.
Perguntado sobre a influência que o Planalto teve em sua vitória, Lira negou que o governo tenha interferido e afirmou que ninguém “influi” na presidência da Câmara dos Deputados. Desde 2020 que Lira vinha fazendo articulações nos bastidores para sua candidatura. O lançamento oficial de sua candidatura ocorreu em dezembro, poucos dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) negar a possibilidade de Rodrigo Maia poder concorrer à reeleição no mesmo mandato.
Quem te viu quem te vê
Em 2020, Arthur Lira foi um dos articuladores da aproximação do Centrão com o Palácio do Planalto, o bloco de partidos se tornou a base aliada do governo na Câmara. Se hoje o recém-eleito presidente da Câmara é um aliado de Bolsonaro, em 2019 o cenário era outro. Ele chegou a postar em uma rede social que o governo federal precisava entrar em sintonia com a verdadeira necessidade do povo e abandonar a pauta de costumes e as polêmicas.