O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (11), em sua live semanal, que deverá conversar na sexta-feira (12) com Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, sobre a possibilidade de importação de um medicamento contra o câncer, que, em teoria, poderia ajudar na recuperação de pacientes com Covid-19 que estão hospitalizados. O medicamento, porém, ainda está em fase de testes.

Spray

Bolsonaro anunciou a novidade dizendo que se trata de um spray que está sendo testado em Israel e que o Governo brasileiro está em contato, que já está acertado um encontro virtual com Benjamin Netanyahu para debater sobre esse novo spray, que está sendo útil, pelo menos de maneira experimental, para pacientes em estado grave.

“Está em estado grave? Toma, poxa, vai esperar ser intubado?", afirmou Bolsonaro em sua live.

Bolsonaro declarou que em Israel está sendo desenvolvido, em estágio final, um medicamento para curar a Covid-19. O presidente ainda afirmou que, quando falou em remédio no passado, ele levou muita “pancada”, que “entraram na pilha da vacina”. Quem somente fala em vacina é um “idiota útil”, segundo ele, pois se deve ter várias opções, uma vez que para os que já estão contaminados, a vacina não adianta.

Falsa equivalência de Bolsonaro

Jair Bolsonaro ainda fez uma falsa equivalência quando comparou a ausência de evidências mais concretas sobre a eficácia do medicamento com o fato de as vacinas contra o coronavírus não possuírem registro definitivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Ao contrário do spray, que agora está sendo testado em Israel, as vacinas que estão sendo utilizadas no Brasil e no restante do planeta têm eficácia, qualidade e segurança comprovadas por estudos clínicos.

O alegado bom desempenho do medicamento experimental para o tratamento da Covid-19 foi anunciado na última sexta-feira (5) pelo governo israelense.

Pesquisadores declararam que 29 dos 30 pacientes que apresentaram quadros moderados a grave da Covid-19 tiveram uma recuperação completa em cinco dias depois de tomarem o medicamento, que está sendo chamado de EXO-CD24.

Entretanto, ainda são necessários mais testes em seres humanos para que a eficácia da substância que originalmente foi desenvolvida para tratar o câncer de ovário seja comprovada.

O estudo realizado em Israel apresenta limitações, como número reduzido de pacientes testados. O estudo também não comparou o spray com um placebo, o que quer dizer que os pesquisadores não podem afirmar com certeza se o medicamento é realmente o responsável pela rápida recuperação dos pacientes.

Bolsonaro declarou que a ideia é trazer o EXO-CD24 para o Brasil para ser submetido à análise da Anvisa. O presidente ressaltou que está debatendo o tema com Ernesto Araújo, o ministro das Relações Exteriores.

Na live, o mandatário ainda voltou a defender o tratamento off label (fora da bula) e ainda insistiu no uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, mesmo que não exista comprovação científica da eficácia do medicamento.