Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entraram com mais uma ação contra membros da Operação Lava Jato que em troca de mensagens no dia 5 de março de 2016 disseram que deveriam “atingir Lula na cabeça”. A expressão foi dita no sentido de apresentar uma nova ação que o levasse a prisão e assim fazer valer todas as outras ações que foram abertas contra o ex-presidente. Estas conversas foram registradas um dia depois de Lula ser conduzido coercitivamente para depor a PF.
Atingir ministros do STF
As conversas, que foram conseguidas na posse de hackers durante a Operação Spoofing, mostram também um trecho em que os agentes da Lava Jato dizem que se fosse para tentar contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF) na época, teriam que enfrentar todos ao mesmo tempo.
A procuradora Carolina Rezende é uma das que sugere que eles deveriam desestabilizar o ministro mais jovem do STJ (Superior Tribunal de Justiça) assim que conseguiram concluir o plano. Ela diz em tom de satisfação “tá de bom tamanho". A procuradora em questão trabalhou junto ao procurador-geral Rodrigo Janot.
No final de 2015 um dos investigados pela Lava Jato, Bernardo Cerveró, filho do Nestor Cerveró que atuou como diretor da Petrobras e estava preso, disse que ouviu boatos de que havia um ministro de sobrenome Navarro que estava resolvendo a questão de um habeas corpus para o ex-diretor que foi movido por uma ação política. Tal afirmação acabou colocando em dúvida o caráter do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do STJ e depois de uma sessão de votação ele acabou sendo afastado do cargo.
Quem assumiu a vaga foi o ministro Felix Fischer, o qual ficou como relator dos casos envolvendo a Lava jato que sempre foram apresentados pelo ex-ministro da Segurança, Sergio Moro.
Atingir Lula
Outra parte da conversa mostra que Carolina havia dito que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) seria o novo alvo das operações.
A procuradora Carolina passou algumas instruções para os colegas dizendo que era necessário que mudasse a estratégia, pois era preciso que houvesse uma ação mais forte contra Lula e que isso se tornou uma prioridade para procuradoria.
Carolina ressalta que deveria prosseguir com os procedimentos contra Lula e Renan para vencer o que ela chamou de batalhas abertas, se referindo a ações apresentadas contra os parlamentares.
Em outra parte da conversa mostram membros da Lava Jato combinando quais seriam os argumentos usados para justificar o motivo de Moro ter pedido a prisão coercitiva de Lula.
Moro e procuradores da Lava Jato já se manifestaram sobre as mensagens dizendo que não houve conluio ou abuso de autoridade para condenar investigados pela Justiça. Moro disse também que as conversas foram obtidas de forma ilegal para tentar reverter condenações já deferidas por corrupção e outros crimes.