O ex-presidente Lula (PT) concedeu entrevista ao jornalista Luis Nassif, nesta sexta-feira (26). A conversa foi transmitida em uma live no canal TV GGN, da plataforma YouTube. Na entrevista, o petista falou sobre vários assuntos, com destaque para as críticas ao modelo econômico do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), relações exteriores no seu tempo de governo e voltou a afirmar que é inocente das acusações de corrupção apontadas pela operação Lava Jato, além de criticar o setor empresarial.

Tá impossível do povo comer, desabafa Lula

No bate-papo com o jornalista Luis Nassif, Lula criticou o presidente Jair Bolsonaro, imputando ao atual governo o aumento no valor dos combustíveis e dos alimentos.

"Esse país não pode ter um botijão de gás a R$ 105. Esse país não pode ter a gasolina a R$ 5,50. Esse país não pode ter o diesel a R$ 5,25. Esse país não pode efetivamente ter uma picanha que custa R$ 100 (...) tá tudo quase impossível do povo comer. É a cebola, é o tomate, tá tudo caro e esse governo não fala disso", disse Lula, em tom de desabafo.

Críticas aos empresários e a Bolsonaro

O petista polemizou ao falar da classe empresarial do país. "Porque empresário é uma raça ruim. Você fazia uma reunião no Palácio do Planalto, você podia atender 99% das coisas que eles reivindicaram, quando eles saiam com a imprensa perguntavam: e daí tá bem? [os empresários respondiam] Não, mais ou menos, ainda falta.

Ou seja, eles nunca falam obrigado. É um povo avarento. Pro povo você dá R$ 10 ele agradece. Pro empresário você dá R$ 10 milhões ele fica te amaldiçoando. Porque ele quer mais", criticou o petista.

A atuação de Jair Bolsonaro na pandemia foi alvo de reclamação do ex-presidente. "Ele [Bolsonaro] não leva em conta que ontem morreram 1.582 pessoas.

Ele não leva em conta isso. Pra ele, esses mortos não valem nada. Esse cidadão mantém um ministro da saúde que parece que o que ele menos entende é de saúde e de logística? Fica prometendo vacina quando não tem vacina porque não encomendou", afirmou.

Lula sinalizou que pode se candidatar na próxima eleição, caso ele resolva suas pendências judiciais.

"Eu acho que tem muita coisa pra fazer no Brasil, eu acho que o Brasil não pode continuar do jeito que tá. É preciso a gente construir uma situação em que o povo volte acreditar em sonho volte a ter esperança. Eu quando vejo um presidente da república ficar fomentando a venda de armas e brigando contra os livros didáticos, quando ele deveria tá colocando livro na mão do povo, colocando carteira profissional na mão do povo, ele quer colocar arma. A quem interessa as armas que ele tá colocando? Aos bolsominions dele", comentou o ex-presidente.

Lula detona Sergio Moro

Na live, o petista voltou a afirma que é inocente da acusação de corrupção no caso do triplex. Ainda de acordo com Lula, a intenção da Justiça era tirá-lo da corrida eleitoral de 2018.

"Você acusar o PT de tantas coisas e depois você permitir que o Lula voltasse a ser presidente da República? Então, hoje, eu estou convencido de que tudo que foi feito foi pensando nessa engrenagem de evitar que o Lula pudesse ser candidato à presidência da República e o PT voltar a governar esse país (...) Eu tenho certeza que isso não foi pensado só aqui dentro. Isso foi pensado no Departamento de Justiça dos Estados Unidos, foi pensado pelo procurados dos Estados Unidos, foi pensado junto com procurador da Suíça", afirmou.

O político voltou a criticar a Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro. "A gente viu a força tarefa se transformar numa quadrilha. Uma quadrilha, o nome é esse! Uma quadrilha de montar acusações falsas e pedir condenações falsas e o Seu [juiz] Moro virou o chefe.

E a Globo amamentava essa gente. Era todo dia 20 minutos de acusação e nenhum segundo pra defesa", desabafou Lula.

Lula comenta sobre relações exteriores

O ex-presidente enalteceu o período em que governou o Brasil e a relação com outros países. "Eu tenho muito orgulho. Eu fui o primeiro presidente brasileiro a ser convidado para todas as reuniões do G-8 [grupo dos países mais ricos], com exceção de uma, em São Francisco", relembrou Lula. O ex-presidente do Brasil também comentou sua relação com o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que governou o país sul-americano entre 1999 e 2013, ano de sua morte. "O Chávez era uma pessoa excepcional", disse Lula.

O político ainda fez ressalvas à relação dos Estados Unidos com o Brasil.

"Eu acho que os Estados Unidos não conseguem visualizar o Brasil como um país protagonista. Nunca na história (...) pergunte em qual momento da história, qual foi o momento que os americanos fizeram alguma política que resultou em benefício pro Brasil. Nunca! Porque eles nunca quiseram que o Brasil tivesse hegemonia. E nunca quiseram que o Brasil fosse protagonista. Eles que têm que dominar a América Latina", finalizou o ex-presidente.