O presidente da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disparou diversas críticas sobre dúvidas sobre a veracidade das mensagens obtidas na Operação Spoofing e que mostram diálogos entre membros da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Nesta terça--feira (9), o STF julgou se a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria ou não acesso ao material. Foi decidido por 4 votos a 1 que a defesa de Lula terá acesso às mensagens que mostram conversas entre procuradores e magistrados da Lava Jato.
Mendes considerou como "chocante" e "constrangedor" que procuradores e advogados do ex-juiz Sergio Moro duvidem da originalidade das mensagens.
Em tom de deboche, o ministro questionou se as conversas então seriam um roteiro de ficção e pediu para especificar em quais pontos as conversas sofreram alterações. Em seguida ele disse que uma decisão deveria ser tomada diante da situação e pediu que Moro provasse tal teoria acerca das mensagens.
O ministro ressaltou que, se Moro estivesse certo de que os diálogos sofreram alterações, poderia considerar os hackers verdadeiros ficcionistas e afirmou que a alegação de Moro causa constrangimentos para classe de magistrados.
Mendes afirmou também, durante suas alegações, que na sessão que aconteceu para julgar se o material deveria ser ou não liberado para os advogados de Lula, não cabia discutir se as mensagens foram ou não alteradas pelos hackers.
Ele então pediu para que fosse aguardado o momento certo, ou seja, por meio de uma ação apresentada por Moro questionando a veracidade das mensagens, e assim marcar uma data para realizar tal julgamento.
Gilmar Mendes leu mensagens
Na ocasião o ministro leu algumas das conversas que acabaram de certa forma constrangendo Moro ao recitar trechos em que aparecem os colegas do ex-juiz o tratando pelo codinome de “russo”.
Mendes disse que Moro era chamado de Russo e que havia criado uma espécie de código penal que é usado na Rússia. Mendes afirmou que os membros da Lava Jato estavam produzindo leis que não eram aplicadas no Brasil, mas sim da Rússia.
O ministro disse que ou os hackers merecem o prêmio Nobel de Literatura ou então os diálogos que foram capturados com eles são originais.
Mendes disse que as atitudes de Moro e procuradores envergonharam a classe dos magistrados, pois o que eles praticaram foi uma espécie de totalitarismo contra alguns réus enquadrados na Lava Jato e voltou a pedir para provar que as mensagens não são verdadeiras e que foram criadas pelos hackers.
O ministro pediu que alguém o convencesse que o que Moro fez é coberto pelo Constituição e ironizou dizendo que ou os criminosos eram o novo são o novo Gabriel García Márquez ou Moro cometeu "fatos de gravidade".