Segundo o colunista Jamil Chade, do portal UOL, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato combinavam como ocorreriam os procedimentos processuais através da rede social Telegram.

As conversas, que eram mantidas em segredo, tinham como objetivo arquitetar a forma de apresentação da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estas mensagens, trocadas meses antes de ser apresentada a ação contra Lula no Supremo Tribunal Federal (STF), foram reveladas após reclamação feita pelos advogados de Lula ao STF.

Os defensores do ex-presidente chegaram até elas depois que os aparelhos dos procuradores foram levados para perícia, a fim de descobrir o teor das conversas. Isso acontece depois do site The Intercept Brasil vazar as mensagens, alegando que elas lhes foram enviadas e que a Lava Jato dizia que eram editadas e falsificadas.

Estes novos trechos revelados após a perícia são novas mensagens que foram trocadas entre ex-juiz federal e o chefe da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, que não chegaram a ser enviadas para o site The Intercept Brasil.

Até o momento Moro, Dallagnol e o Ministério Público Federal foram procurados para falar sobre o assunto, mas não quiseram comentar.

Moro é suspeito de orientar argumentos

A defesa de Lula alega que, como havia uma combinação entre Moro, que na época era o juiz responsável pelo caso e, os procuradores da Lava Jato, ele determinou como tudo aconteceria para incriminar o ex-presidente.

Segundo as informações, até a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal foi orientada por Moro, que foi constato através das mensagens trocadas entre o ex-juiz e o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Nas supostas mensagens, Moro perguntou para Dallagnol se ele estava ciente que existia uma denúncia pronta e suficiente para ser apresentada contra Lula [VIDEO], então o chefe dos procuradores responde que sim. As mensagens foram trocadas em 23 de fevereiro de 2016.

Moro detalhou como foi elaborada a denúncia que teria modificado alguns argumentos.

Segundo o colunista do UOL, na mensagem diz que Moro orientou a dizer que o esquema envolvendo a Petrobras trata-se de um esquema de troca de favores partidários e usou o processo do “Mensalão” como modelo para criar o argumento.

O ex-juiz teria dito que diferença para o esquema do “Mensalão” é que seria dito a Justiça que o esquema consistia em indicar políticos para os cargos e assim ajudava a desviar verbas e arrecadar propinas para serem usados em campanhas e o próprio enriquecimento.

Em outro trecho da conversa, Moro diz que mesmo com a saída do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu os crimes continuaram, pois havia alguém além do ex-ministro para dar continuidade ao esquema.

Moro citou também que as acusações contra Lula estavam sendo confirmadas por Pedro Correa, o qual disse em depoimento que o ex-presidente sabia do pagamento de propinas para Paulo Roberto Costa.

Dallagnol também chegou a dizer que sua equipe estava investigando sobre as palestras que eram realizadas pelo ex-presidente.