A segunda-feira (1°) marcou a despedida do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados, o cargo que tem a prerrogativa de iniciar um processo de impeachment contra o presidente da República. No dia anterior, Maia participou de uma tensa reunião com representantes da esquerda e do DEM. O parlamentar cogitou a possibilidade de entrar com um dos pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro.
A ameaça foi uma resposta à debandada de membros do DEM, partido de Maia, para apoiarem a candidatura do parlamentar Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo Palácio do Planalto na eleição para a presidência da Câmara, que acontece nesta segunda.
De acordo com declarações de quem estava presente à reunião, ACM Neto, o presidente do DEM, comunicou a Maia e aos demais que 16 parlamentares da sigla decidiram votar em Arthur Lira, o que deixaria o candidato apoiado por Rodrigo Maia, Baleia Rossi (MDB-SP), com somente 15 deputados do partido. Um golpe de misericórdia na candidatura de Rossi.
Na manhã da segunda-feira (1°), Arthur Lira incluiu em sua agenda um ato formal de adesão do DEM à sua candidatura. A reunião, entretanto, não foi realizada depois de ACM Neto tê-la vetado. A candidatura de Lira, porém, continua a contar com algo em torno de metade dos votos do DEM.
Maia de saída do DEM
Contrariado com a decisão tomada pela executiva do DEM de se manter neutra na disputa entre Arthur Lira e Baleia Rossi, Maia declarou à CNN Brasil que sua permanência no partido se tornou insustentável e resolveu abandonar a legenda após a eleição que escolherá o novo presidente da Câmara.
Na noite de domingo (31), Rodrigo Maia comunicou sua decisão de abandonar o DEM para algumas pessoas, incluindo ACM Neto. Depois da eleição desta segunda, o parlamentar irá realizar os procedimentos formais para se desfiliar da sigla.
Para continuar com seu mandato, o político terá que ir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e explicar os motivos que o levaram a abandonar o partido e, depois do entendimento com o órgão, será formalizado por escrito seu desligamento do DEM.
No último domingo (31), depois da desistência do DEM em apoiar a candidatura de Rossi, Rodrigo Maia conversou por telefone com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM-RJ) que prestou solidariedade a Maia, que já não esteve presente na reunião da executiva do DEM.
Jair Bolsonaro
No domingo (31), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aparentou tentar não criar polêmica em relação à eleição para a escolha do novo presidente da Câmara. Em Brasília, ao ser questionado por um apoiador pela manhã se teria algum recado para Rodrigo Maia, o presidente desejou felicidades para Maia e declarou que “tudo acaba um dia”.