Nesta segunda-feira (22), o ex-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) conversou com o empresário e ex-banqueiro Eduardo Moreira. O bate-papo foi transmitido no canal pessoal de Eduardo Moreira, no YouTube.

O político, como sempre, foi contundente nas críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em relação à condução da pandemia do coronavírus e na política econômica.

Ciro Gomes e seu temperamento forte

O pedetista é sempre acusado de ser bastante temperamental. Nas últimas semanas, além da forte oposição ao presidente, Ciro também tem sido contundente nas críticas ao PT, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperar seus direitos políticos.

Ciro se justificou. “Eu tenho que recompor a emoção porque o limite das emoções que eu tenho experimentado aqui embaixo, onde vive a vida do povo real, aqui no interior do Ceará, no nordeste brasileiro onde eu vivo, onde eu fui criado e educado na escola pública, filho de pais que passaram fome, eu sendo chamado pelas pessoas e eu quero ter a humildade de entender esse chamamento a ser moderado, a procurar escolher palavras e tal", disse Ciro.

Contudo, o ex-governador do Ceará ainda ponderou sobre o tema envolvendo o seu temperamento. "A gente precisa ter muita disciplina para deixar as expressões merecidas por esse momento que o Brasil tem, por esse fascista que nos governa para acender uma luz de esperança, porque revolta sem causa é violência.

E nós precisamos construir a causa para orientar todo esse sofrimento, essa humilhação, esse desânimo, desesperança e construir uma energia pra quê isso seja transformado em luta. E é isso que eu quero fazer em cada momento que Deus me der o sopro da vida”, amenizou o político.

Oposição de Ciro ao enfrentamento da pandemia

De acordo com Ciro, o Brasil tem tido desempenho deplorável nas ações de combate à Covid-19.

“Vamos tomar do mais simples para o mais complexo potencialmente. O mais simples, hoje, 138 países da comunidade internacional proíbem que brasileiros os visitem, remanescem oito países (...) apenas permitem que brasileiros entrem lá, mesmo a negócios, o que não dizer de turismo. Isso é o mais superficial. O mais embaixo, nós estamos pagando muito caro agora.

Bolsonaro transforma o Brasil num pária internacional, num marginal da ordem internacional, fica muito fácil, por exemplo, a China colocar o Brasil no fim da fila dos insumos para produzir vacina", reforçou o ex-governador.

Ciro ainda comentou sobre a necessidade da compra de insumos e vacinas. "E se não tiver vacina, a morte é certa para muitos. Dezenas de milhares, centenas de milhares, meio milhão de brasileiros. Porque o Brasil foi posto no fim da fila da vacinação por esse conjunto de políticas absolutamente irresponsáveis, genocida do senhor Jair Messias Bolsonaro e dos canalhas que ainda infestam o Ministério da Saúde, liderado pelo canalha mor Eduardo Pazuello (...) isso só demonstra absoluto fundo do poço para o qual o Brasil foi levado, ao longo dos últimos muitos anos, e agora, chegando no limite extremo do genocídio patrocinado por um maior boçal que a humanidade tem ocupando o poder que é o senhor Jair Messias Bolsonaro e sua quadrilha”, acusou Ciro.

Oposição de Ciro ao atual modelo econômico

Ciro Gomes é crítico ferrenho da política econômica do governo federal. O pedetista disse que tem algumas ideias para reverter o rombo das contas públicas que explodiram durante a pandemia. “Nós vamos ter que equilibrar as contas do Brasil mandando um pedaço dessa conta para os mais ricos, para os super ricos. Não adianta ficar com esse papo furado, eu não quero agradar todo mundo e nem vou vender minha alma pra ser presidente do Brasil", comentou.

Ciro comentou ainda sobre a sua ideia para aliviar as contas públicas. "É clara minha proposta: vai aumentar a tributação das grandes heranças, vai acabar a farra de distribuir lucros e dividendos sem pagar imposto, vai ter uma progressividade maior no imposto de renda pra diminuir o imposto da classe média e aumentar o dos super ricos (...) vou passar o pente fino em todas dispensas de imposto sem contrapartida em emprego (...) porque aí eu tenho condições de dizer de onde é que vem R$ 300 [bilhões] e R$ 400 bilhões por ano para financiar um novo momento de desenvolvimento forte que o Brasil vai experimentar”, apontou Ciro.