Outrora apoiador do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), o general da reserva Paulo Chagas hoje considera que Bolsonaro está "deslumbrado com o poder". Chagas, que em 2018 foi candidato ao Governo do Distrito Federal pelo PRP, disse em entrevista ao Estadão/Broadcast que o ocupante do Palácio da Alvorada deve “baixar a bola” e compreender qual é o seu papel.

Paulo Chagas declarou na entrevista que os ministros deveriam conversar com o presidente para tentar acalmar os ânimos, a fim de evitar um possível impeachment. De acordo com o general, se todos ficarem quietos, cada um cuidando de suas vidas, o governo poderá ser paralisado.

O militar da reserva falou sobre o negacionismo do governo federal em relação à pandemia do novo coronavírus. Para Chagas, isso piorou a situação e é preciso ser humilde para reconhecer que errou.

Trapalhão

No último final de semana, Paulo Chagas fez uma publicação em sua conta no Twitter rebatendo quem o critica por fazer comentários contrários a Jair Bolsonaro. Chagas afirmou que perdeu seguidores por causa das críticas ao presidente. Segundo o general, algumas pessoas afirmam que ele não deve fazer críticas ao chefe do Executivo, porque não existiria outra pessoa com condições de liderar a direita. Chagas então afirmou: "se entre 200 milhões de brasileiros só encontramos um narcisista deslumbrado, trapalhão e q ñ cumpre o q promete p/nos liderar, é pq a direita não está preparada p/mudar o Brasil!".

O ex-aliado de primeira hora de Bolsonaro ainda diz na entrevista que nunca apoiou a espécie de glorificação de Bolsonaro, pois o mandatário não se trata de um “milagreiro”. Ele ainda destaca que o apelido de “mito” que Bolsonaro ganhou de seus apoiadores pode também ter o sentido de "mentira" ou "ilusão".

Paulo Chagas foi perguntado sobre o que o fez mudar de opinião em relação a Bolsonaro já no primeiro ano do mandato do presidente eleito em 2018.

Em sua resposta, Chagas alegou que o que mudou foi o próprio Bolsonaro. O entrevistado pontuou que na campanha presidencial ele até mesmo defendeu a maneira de ser de Bolsonaro, suas atitudes mais destemperadas e que isso era parte da imagem de Jair Bolsonaro, porém como deputado.

Chagas afirmou que acreditou que quando se tornasse presidente, Bolsonaro iria mudar e teria consciência que suas falas iriam repercutir.

Segundo o militar, as coisas precisam tomar o rumo da harmonia e não da divisão. Porém, ainda de acordo com Chagas, ninguém no entorno do presidente conseguiu convencer Bolsonaro disso. Chagas acredita que quando Bolsonaro assumiu alguém lhe influenciou dizendo que ele não precisaria mudar.

Paulo Chagas afirmou que se fizesse parte do governo –ele frisou que nunca fez parte do entorno de Bolsonaro e nem pediu para entrar no grupo mais íntimo do presidente– ele o teria aconselhado a mudar suas atitudes. Na medida em que as coisas foram saindo do rumo e a própria personalidade de Bolsonaro ficou mais evidente no governo, foi este o momento em que Chagas começou a criticar o líder do poder Executivo.