Acusados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "fechar os estados", os governadores decidiram reagir de maneira coletiva às críticas do chefe do Executivo federal. Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, em entrevista ao portal UOL, declarou que os estados e o Distrito Federal irão realizar compras conjuntas de vacinas.

Na próxima terça-feira (2) governadores irão visitar, em Brasília, a sede da empresa União Química, representante brasileira da vacina russa Sputnik V. Os governadores também estão negociando uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Segundo Casagrande, os 27 governadores estão empenhados no movimento, que não terá formação de um consórcio. A ideia é realizar compras proporcionais ao número de habitantes de cada estado. Nenhum estado irá comprar mais do que o equivalente ao percentual do número de habitantes de cada um. Será feita uma distribuição equitativa das doses e cada estado irá pagar a sua cota, formalizando um contrato com o laboratório.

Passado um ano da pandemia, o Brasil enfrenta o seu pior momento. O país tem 20 estados que estão com dificuldades de atender os cidadãos que estão necessitados de UTI, e Bolsonaro, na semana do momento mais crítico da pandemia no Brasil, faz uma declaração em que despreza o uso de máscaras e tece críticas ao distanciamento social.

O governador do Espírito Santo, inclusive, lamentou o comportamento do presidente da República.

Por essa razão, os governadores irão a Brasília se reunir com os presidentes do Senado e da Câmara. Os governadores pedem que a reunião com Arthur Lira seja realizada na terça-feira (2).

Derrota

Renato Casagrande afirmou na entrevista que o país sofreu uma derrota para a Covid-19.

Segundo ele, a guerra foi perdida, e se o Brasil tivesse fechado contratos para a aquisição de vacinas de forma antecipada poderia ter à disposição mais doses.

Perguntado se existiria uma estratégia em conjunto dos governadores para enfrentar a pandemia sem o auxílio do palácio do Planalto, o governador respondeu que os governadores estão entrando em contato com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Casagrande afirmou ainda que Jair Bolsonaro não irá deixar de ser um negacionista, que o presidente sempre irá antagonizar os governadores e tentará colocar na conta dos governadores a sua própria irresponsabilidade.

Perguntado se o objetivo dos governadores seria a liberação de verbas, Casagrande respondeu que os estados também precisam de verbas, mas que, além disso, estão procurando aliados para a promoção de um movimento nacional de implementação de orientações científicas, e como o presidente da República não ajuda, se houver a colaboração dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, os governadores sairão fortalecidos. Então não se trata apenas de verba, segundo Casagrande, mas sim de um alinhamento político para uma orientação científica com intuito de enfrentar a pandemia.